"Temos suficiente produção de leite para Portugal. Não há motivos para preocupações. Apesar de algumas questões pontuais, estamos a trabalhar normalmente e temos suficiente alimento armazenado para os animais", disse Carlos Neves, secretário-geral do organismo.
O dirigente admitiu alguns "constrangimentos" na aquisição de materiais necessários para a operacionalidade das explorações e no fornecimento de rações que complementem a alimentação dos animais, mas garantiu que, por enquanto, "tudo tem funcionado sem problemas".
"No nosso caso, o teletrabalho não é possível. Por isso, temos transmitido aos nossos associados os cuidados que devem ter para evitar serem contaminados. Há muitas explorações familiares onde é preciso que todos continuem saudáveis para trabalhar", disse Carlos Neves.
Nas recomendações feitas pela APROLEP é pedido aos agricultores que, entre outras coisas, "fiquem em casa, na vacaria e saiam apenas para ir aos campos ou qualquer deslocação indispensável", "evitem visitas à vacaria de pessoas externas, exceto entregas de encomendas ou outras situais essenciais" e que "mantenham níveis seguros de ‘stock’ de rações, gasóleo, medicamentos veterinários e outros fatores de produção".
Carlos Neves garantiu que as "empresas que fazem a recolham do leite também já estabeleceram normas ainda mais apertadas de higiene e segurança nas operações", mas lembrou que o vírus "não se transmite pelos alimentos".
"A Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos já assegurou que não há risco de contágio através do leite ou quaisquer outros alimentos. Além disso, o leite UHT vulgarmente consumido pelos portugueses é pasteurizado, levando um tratamento térmico. Sentimos que as pessoas continuam a perceber que o leite é um alimento essencial e seguro", sublinhou o dirigente.
No caso de produção de leite de vaca, as explorações têm trabalhado para satisfazer os pedidos das fábricas e supermercados face à maior procura dos consumidores nos últimos dias, mas disse ter conhecimento que no caso do leite de ovelha e cabra tem havido uma quebra.
"Sei que algumas dessas explorações reduziram a produção porque as queijarias que trabalham para a restauração já não estão a vender tanto", partilhou.
Carlos Neves disse, ainda, que APROLEP está em permanência a acompanhar o que acontece com o setor do leite em países como Itália ou Espanha, que foram mais afetados pela propagação do novo coronavírus, e vincou que a maior preocupação da associação "está a ser proteger a saúde dos agricultores, a maior parte já com alguma idade".
O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou cerca de 170 mil pessoas, das quais 6.850 morreram.
Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 75 mil recuperaram da doença.
O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 140 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Portugal registou na segunda-feira a primeira morte, anunciou a ministra da Saúde, Marta Temido.
Segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde, até segunda-feira havia 331 pessoas infetadas. Dos casos confirmados, 192 estão a recuperar em casa e 139 estão internados, 18 dos quais em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI).
Das pessoas infetadas em Portugal, três recuperaram.
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