Na quarta-feira, em comunicado, a ANG manifestou o seu “desagrado” e “extrema preocupação” no seguimento das medidas anunciadas pelo Conselho de Ministros extraordinário, entre as quais o encerramento dos centros de dia.
Para a ANG, é imperativo considerar a possibilidade de abrir os centros de dia, num regime parcial, de forma a responder a situações familiares dramáticas, assim como o agravamento das debilidades físicas e cognitivas da pessoa idosa.
“Não podemos confinar os direitos das pessoas idosas, considerando-se os elevados custos sociais da atual medida - o encerramento total dos centros de dia”, sublinha a Associação.
A ANG lembra que os centros de dia funcionam com o objetivo de prevenir situações de dependência e promover a autonomia, a funcionalidade e a independência pessoal e social dos seus utilizadores.
No entendimento da associação, o fecho dos centros de dia comprometem a saúde e o bem-estar das pessoas idosas, em especial naquelas que apresentam défices cognitivos ligeiros e quadros de demência, cujas alterações serão irreversíveis.
“A diminuição do contacto social coloca em risco a saúde mental das pessoas mais velhas, assim como aumenta o risco de solidão e isolamento social, de depressão e ansiedade. Por outro lado, a permanência das pessoas mais velhas no seu domicílio poderá colocar em risco a sua segurança, sobretudo quando associado a condições habitacionais precárias”, destaca a ANG.
De acordo com a Associação, os centros de dias são também uma resposta de apoio à família e, por isso, o encerramento representará custos, não só para a pessoa idosa, mas também para os cuidadores informais no seio familiar.
“O acompanhamento domiciliário, tendo em conta a escassez dos recursos humanos destas instituições, não garante a abrangência desta resposta, conseguindo apenas assegurar, sobretudo, as refeições no domicílio e o apoio na higiene pessoal e, por isso, não resolvendo as situações dramáticas que muitas famílias estão a experienciar”, é sublinhado.
Por isso, a ANG exorta os órgãos governativos à reavaliação do fecho dos centros de dia, “devolvendo a autonomia às instituições para avaliar as condições para manter e adaptar seu funcionamento, permitindo uma resposta efetiva às situações limite identificadas por cada instituição”.
A ANG alerta ainda para a “responsabilidade governamental no apoio efetivo a estas instituições, garantindo que as mesmas tenham as condições necessárias para reestruturar o serviço, nomeadamente na adaptação dos espaços, no reforço dos recursos humanos afetos que permitam domiciliar os serviços, no apoio acrescido aos cuidadores familiares - em particular de pessoas com demência -, assim como na vacinação dos utilizadores dos centros de dia”.
Segundo a Associação, as pessoas idosas que integram os centros de dia devem ser incluídas nos grupos prioritários de vacinação contra a covid-19, apostando na prevenção de possíveis contágios e, consequentemente, na garantia de segurança no funcionamento destas respostas.
O primeiro-ministro, António Costa, anunciou na semana passada novas medidas para combater a covid-19, reforçando as restrições de movimentação de pessoas já previstas no confinamento geral decretado no âmbito do estado de emergência em vigor no país.
Entre as medidas anunciadas está o encerramento das universidades seniores, os centros de dia e de convívio.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.159.155 mortos resultantes de mais de 100 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 11.305 pessoas dos 668.951 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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