António Lacerda Sales esteve hoje com secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, Ana Sofia Nunes, numa visita às instalações do centro de contacto do SNS, onde começaram na quarta-feira a trabalhar interpretes de língua gestual para assegurar o acesso dos cidadãos surdos ao SNS24, através de um serviço de videoconferência.

“Esta plataforma é a prova de que o SNS se adapta todos os dias a esta pandemia”, afirmou o secretário de Estado da Saúde, considerando que muitas vezes os períodos de maior dificuldade, como o atual, representam oportunidades de aprendizagem.

Este serviço arrancou na quarta-feira e à hora da visita já tinham sido atendidas 16 chamadas, oito das quais durante o dia de hoje, segundo o presidente da Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), Luís Goes Pinheiro, que também esteve presente na visita, e que acredita que à medida que a plataforma se tornar mais conhecida, a procura se tornará também maior.

Hugo Alves é um dos intérpretes que começou agora a trabalhar no centro de contacto do SNS. Para o jovem de 23 anos, que exerce a profissão há apenas um ano, mas que desde pequeno apoia os pais surdos, esta é uma experiência nova e, para já, está a correr bem.

“Nós temos acesso a dois sistemas, num recebemos a chamada do utente surto e através do outro estamos em permanente contacto com o enfermeiro. São duas plataformas diferentes, mas estão sempre em sintonia e, por isso, o interprete funciona apenas como ponte de comunicação”, explicou à Lusa.

Para Hugo Alves, este serviço marca um passo muito importante no acesso dos cidadãos surdos aos serviços de saúde, uma vez que, “durante muitos anos, para a comunidade surda havia uma grande barreira”.

Também a secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, esta iniciativa veio responder a uma antiga reivindicação destes cidadãos, que até aqui tinham de utilizar sistemas de ‘chat’ assente na escrita, que nem todos dominavam.

“Este contexto [de pandemia] fez colocar em cima da mesa questões que são fundamentais”, afirmou Ana Sofia Nunes.

António Lacerda Sales acrescentou que apesar de este serviço ter sido pensado e criado num contexto tão particular como o atual, o objetivo é que tenha continuidade, para que, no futuro, os cidadãos surdos continuem a ter este acesso mais facilitado aos serviços de saúde.

Portugal contabiliza 854 mortos associados à covid-19 em 22.797 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.

Relativamente ao dia anterior, há mais 34 mortos (+4,1%) e mais 444 casos de infeção (+2%).

Das pessoas infetadas, 1.068 estão hospitalizadas, das quais 188 em unidades de cuidados intensivos, e o número de casos recuperados passou de 1.201 para 1.228.

Portugal cumpre o terceiro período de 15 dias de estado de emergência, iniciado em 19 de março, e o Governo anunciou hoje a proibição de deslocações entre concelhos no fim de semana prolongado de 01 a 03 de maio.