“Duas delas foram as que desencadearam as cadeias de transmissão local e, dentro do grupo que detetámos, identificámos mais três casos positivos. É expectável que entre hoje e amanhã possamos vir a ter mais casos positivos, entretanto ligados a estas cadeias de transmissão. Será um aspeto positivo se não tivermos”, avançou hoje o responsável da Autoridade de Saúde Regional dos Açores, Tiago Lopes, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo.

Hoje foram detetados cinco novos casos de infeção pelo novo coronavírus nos Açores, todos na ilha de São Miguel, mas apenas um no concelho da Povoação.

“Um é residente na Povoação e provém de transmissão local de um dos casos positivos que nós havíamos detetado, todos os outros têm história de viagem ao exterior ao continente e ao estrangeiro”, afirmou.

Segundo Tiago Lopes, as autoridades de saúde ainda estão a averiguar a origem da infeção numa das cadeias de transmissão, por isso decidiram criar um cordão sanitário no concelho.

“Como temos duas cadeias de transmissão local, estamos a tentar aferir qual foi o paciente zero na localidade, que levou à infeção do primeiro caso, sendo que destas duas cadeias de transmissão, uma está relacionada com uma viagem ao exterior e [há] uma outra, que estamos ainda a aprofundar, para saber qual foi a razão do primeiro caso infetado”, afirmou.

Além de cinco casos positivos, foram detetados no domingo 31 casos negativos na ilha de São Miguel, ainda que Tiago Lopes não os tenha especificado por concelho.

Estão ainda a aguardar por colheita ou resultado 113 casos, dos quais 70 da ilha de São Miguel e 14 da ilha do Pico, onde também está identificada uma cadeia de transmissão local.

O responsável da Autoridade de Saúde Regional salientou que a realização dos testes laboratoriais está a ir além do conceito tradicional de caso suspeito, que obrigaria a existência de critérios clínicos e epidemiológicos.

“Não estamos a aguardar que as pessoas desenvolvam sinais e sintomas de infeção respiratória, estamos sim a dar maior importância à ligação epidemiológica entre os casos positivos e os contactos próximos”, frisou.

Desde domingo e até 13 de abril, os mais de 6.000 habitantes da Povoação, na ilha de São Miguel, têm a sua circulação limitada dentro e fora do concelho.

Segundo Tiago Lopes, o objetivo foi haver um maior controlo dos residentes “para que a identificação de contactos próximos fosse feita com o devido tempo e com a devida parcimónia” e para que que as autoridades pudessem aferir se existiam “mais casos positivos e mais cadeias de transmissão”.

“As pessoas que estavam no concelho, não sendo residentes, foram identificadas pela Polícia de Segurança Pública e foi determinada a sua quarentena no seu domicílio fora do concelho”, revelou.

Mediante o resultado dos testes laboratoriais, o responsável da Autoridade de Saúde Regional admitiu “determinar outras medidas excecionais” para o concelho e circunscrever o cordão sanitário.

Os Açores têm atualmente 47 casos confirmados da covid-19 (18 em São Miguel, nove na Terceira, oito no Pico, sete em São Jorge e cinco no Faial), sendo que 10 deles estão internados nos três hospitais da região, mas apenas um está na unidade de cuidados intensivos.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 727 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 35 mil.

Dos casos de infeção, pelo menos 142.300 são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 140 mortes, mais 21 do que na véspera (+17,6%), e 6.408 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 446 em relação a domingo (+7,5%).