“A verdade é que a evolução da situação em termos epidemiológicos neste momento deixa antever um cenário bastante favorável para o concelho do Nordeste, mas temos de ponderar essa decisão com todos os intervenientes e responsáveis para depois comunicar oportunamente”, afirmou.
O concelho do Nordeste, o que registou mais casos da covid-19 (54) e o que mantém mais pessoas infetadas com o novo coronavírus nos Açores (11), é o único no arquipélago a manter um cordão sanitário, com data de suspensão prevista de 18 de maio.
No total foram infetadas com o novo coronavírus 54 pessoas no concelho do Nordeste, incluindo 38 utentes e 12 funcionários do lar da Santa Casa da Misericórdia.
Entre os utentes do lar, 14 tiveram resultado negativo nos vários testes que já realizaram e dos 38 positivos, 12 morreram, 21 recuperaram e cinco permanecem internados no Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada.
Na origem do surto detetado no lar do Nordeste esteve uma utente infetada no hospital de Ponta Delgada, no âmbito de uma cadeia de transmissão local quaternária iniciada no concelho da Povoação, que envolveu 74 pessoas, sendo que 45 já recuperaram da infeção e 16 morreram.
O lar foi encerrado no dia 05 de maio e os utentes com testes negativos foram transferidos para o Centro de Saúde do Nordeste, enquanto os recuperados foram encaminhados para o Centro de Saúde da Povoação.
Questionado sobre a possibilidade de o lar só ser reaberto 28 dias após o seu encerramento, como propôs o provedor da Santa Casa da Misericórdia, Tiago Lopes disse que a decisão será tomada “de forma articulada e devidamente ponderada”, mas lembrou que a estrutura residencial já foi alvo de uma limpeza e que não há motivo para que se aguardem dois períodos de contágio para a sua reabertura.
“Não havendo ninguém dentro da estrutura residencial de idosos para contagiar, não há períodos de contágio”, frisou.
Os Açores registaram hoje nove recuperações de doentes com covid-19, incluindo seis utentes do lar do Nordeste, com idades entre os 74 e os 91 anos, e um funcionário da estrutura residencial.
Na quinta-feira foram registados apenas 18 casos suspeitos, nas ilhas Terceira e São Miguel, nove dos quais com resultado negativo, estando os restantes a aguardar colheita de amostras ou resultados.
O número de testes realizados no âmbito dos rastreios efetuados a passageiros em quarentena, a utentes e profissionais de lares e unidades de saúde e a professores, funcionários e alunos das escolas que vão reabrir ultrapassou os 500, estando ainda a aguardar recolha perto de 2.000.
Só nas escolas das ilhas do grupo central (Terceira, Pico, Faial, São Jorge e Graciosa), onde as aulas presenciais do 11.º e 12.º anos serão retomadas na segunda-feira, foram testados 695 docentes, não docentes e estudantes, estando a aguardar colheita ou resultado outros 1.141.
Os alunos que se recusarem a fazer o teste de despiste da infeção pelo novo coronavírus não poderão ter aulas presenciais, segundo o responsável da Autoridade de Saúde Regional.
“Aqueles que não aceitem fazer o teste de despiste para infeção pelo novo coronavírus, para não colocarmos em risco os que aceitaram e que vão estar presencialmente nas aulas, poderão assistir a essas aulas, mas não presencialmente”, afirmou.
Nas ilhas em que não se registaram até ao momento casos da covid-19 (Santa Maria, Flores e Corvo) as aulas presenciais foram retomadas na segunda-feira, mas não foram realizados testes.
“Não havendo casos positivos ativos na comunidade, todos aqueles que chegaram a essas ilhas foram devidamente triados e acompanhados pelas delegações de saúde concelhias, não havia nenhuma suspeição de possíveis casos suspeitos, portanto epidemiologicamente não havia qualquer tipo de indício que levasse a tomarmos a decisão da realização de testes”, justificou Tiago Lopes.
Questionado sobre os estudantes açorianos deslocados no continente, que reivindicam um regresso aos Açores, o responsável disse que “estão a ser acompanhados” pelo Governo Regional e “estão aos poucos e poucos a ser transportados” para a região.
Desde o início do surto foram confirmados 145 casos da covid-19 nos Açores, 25 dos quais atualmente ativos, tendo ocorrido 104 recuperações (65 em São Miguel, 11 na Terceira, sete no Pico, seis em São Jorge, três no Faial e três na Graciosa) e 16 mortes (em São Miguel).
A ilha de São Miguel é a que registou mais casos (107), seguindo-se Terceira (11), Pico (10), São Jorge (sete), Faial (cinco) e Graciosa (cinco).
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