Em relação ao número de mortes, o Brasil contabilizou 1.319 óbitos entre domingo e hoje, num total de 332.752 vítimas mortais desde o início da pandemia.
Os números hoje registados ficam muito abaixo da média da semana anterior, quando o país alcançou sucessivos recordes de mortes, marca que chegou a 3.869 óbitos num só dia. Contudo, segundo explicações do próprio Ministério da Saúde, essa diminuição deve-se a uma carência de recursos humanos ao fim de semana para testar e recolher os dados, sendo que estes acabam por ser consolidados às terças-feiras. Além disso, o Ceará, uma das unidades federativas brasileiras mais afetadas pela pandemia, não indicou os dados referentes ao dia de hoje devido a problemas técnicos.
Apesar de os números totais serem inferiores aos da semana passada, o Brasil, com cerca de 212 milhões de habitantes, voltou a ser o país que mais mortes registou nas últimas 24 horas em todo mundo, bem à frente da Índia, da Rússia e dos Estados Unidos. Geograficamente, o foco da pandemia no Brasil continua a ser o Estado de São Paulo, que concentra 2.532.047 casos e 77.165 óbitos desde fevereiro do ano passado, ocasião em que foi detetado o primeiro caso de covid-19 no país.
Apesar da grave situação que o Brasil atravessa, o cenário pode ainda piorar, havendo a possibilidade de o país chegar a 5.000 mortes diárias por covid-19 no final de abril ou início de maio, quando será o pico da nova vaga da pandemia no país, segundo um estudo da Universidade Federal Fluminense (UFF) lançado no mês passado. Previsão semelhante foi hoje partilhada pelo diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, que estima que o país chegue aos 5.000 mil óbitos diários em breve.
"Estamos num momento em que a velocidade de transmissão ainda é muito alta. Abril vai ser o mês dramático para o Brasil”, disse ao jornal Valor Económico o diretor do Butantan, instituto responsável por produzir no país a vacina contra a covid-19 Coronavac, da chinesa Sinovac. Dimas Covas afirmou ainda que acredita que os laboratórios terão de atualizar as suas vacinas para enfrentar as novas variantes do vírus, que se mostram mais infecciosas, como é o caso da P.1, detetada no Amazonas.
"Essa variante tem potencial de transmissibilidade muito maior. Tem uma gravidade maior, provoca prolongamento de quadro clínico, uma carga viral maior. Tudo isso é propício para o aparecimento de variantes. (...) Na minha opinião, (...) essas variantes precisarão ser incorporadas às vacinas. Não há dúvida nenhuma", frisou o especialista.
Além do atraso da vacinação e de novas estirpes circularem em força em solo brasileiro, o país enfrenta ainda problema decorrentes de reações adversas a medicamentos sem provas científicas contra a covid-19, como cloroquina e hidroxicloroquina, cujo uso é amplamente defendido pelo Presidente, Jair Bolsonaro.
Pelo menos nove mortes foram notificadas no país, todas após março de 2020, devido a efeitos adversos de fármacos sem eficácia comprovada contra a doença, segundo um levantamento feito pelo jornal O Globo junto da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa, órgão regulador).
No caso da cloroquina, registou-se um aumento de 558% nas notificações de efeitos adversos, face a 2019.
O levantamento considerou os fármacos cloroquina, hidroxicloroquina e sulfato de hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina, que integram o chamado “kit Covid”, defendido pelo Governo Federal.
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