“Temos de saber exatamente o que é que o país vai fazer e como”, argumentou o líder da bancada centrista, Telmo Correia, numa declaração aos jornalistas na Assembleia da República.
O deputado adiantou que o partido apresentou hoje no parlamento “um pedido de um debate urgente, para se realizar aqui na Assembleia, sobre a resposta do país à crise do coronavírus”.
“É um debate potestativo que o CDS vai requerer”, acrescentou.
“Um debate de atualidade que será marcado logo, por nós pode, e deve, ser amanhã [quarta-feira]. Se houver alguma limitação em relação a assuntos que estejam neste momento a ser decididos, e houver vantagem em ser quinta, nós não poremos aí nenhum problema, mas por nós poderia e deveria ser amanhã”, assinalou Telmo Correia.
Na ótica do CDS, “nesta situação tem que haver uma voz firme, tem que haver uma voz de comando, tem que haver uma voz de autoridade e as questões não podem ser decididas caso a caso, escola a escola, instituição a instituição”, advogou o centrista.
De acordo com a assessoria do grupo parlamentar, o debate foi entretanto agendado para quinta-feira, dia 12.
Na declaração aos jornalistas, o deputado Telmo Correia considerou que Portugal está a ter "anúncios diversos" e "nem sempre coerentes nem coincidentes".
"Nós ouvimos num dia que não será para fazer nada e que não deve haver nenhum tipo de alarmismo, no dia a seguir ouvimos uma senhora secretária de Estado dizer que se admite o fecho de fronteiras. O senhor ministro da Administração Interna anunciou agora o cancelamento de voos, não é certo, de resto, que esteja a ocorrer completamente", assinalou, questionando se a medida não deveria ter sido tomada mais cedo.
O CDS identificou também "questões em relação à própria Linha SNS 24, que têm de ser esclarecidas, designadamente saber se os cidadãos que vieram de zonas de contágio comunitário e obviamente de risco foram aconselhados ou não a ficarem em casa, ou se lhes foi dito que fizessem a sua vida normal, o que seria de uma enorme gravidade".
Apontando que "há medidas que têm de ser ponderadas e têm de ser decididas", o deputado do CDS referiu a antecipação das férias da Páscoa nas escolas ou o cancelamento de "todos os voos".
"Este tipo de debate tem de ser feito", salientou, congratulando-se com a "constituição de um gabinete de crise" por parte do Governo.
Ainda assim, o CDS recusou "todo e qualquer tipo de alarmismo" mas também "um sentido meramente reativo nesta matéria", recusando "andar atrás do problema".
"Nós esperamos, confiamos na cadeia de comando, não a pomos em causa, confiamos nos responsáveis e nos técnicos mas queremos que ao país, e o parlamento é o local adequado, nos seja dito exatamente o que é que vai ser feito, quais vão ser as medidas", concluiu.
A epidemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.000 mortos.
Cerca de 114 mil pessoas foram infetadas em mais de uma centena de países, e mais de 63 mil recuperaram.
Nos últimos dias, a Itália tornou-se o caso mais grave de epidemia fora da China, com 463 mortos e mais de 9.100 contaminados pelo novo coronavírus, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia.
A quarentena imposta pelo governo italiano ao Norte do País foi alargada a toda a Itália.
O Governo português decidiu suspender todos os voos com destino ou origem nas zonas mais afetadas em Itália, recomendando também a suspensão de eventos em espaços abertos com mais de 5.000 pessoas.
A China registou segunda-feira mais uma queda no número de novos casos de infeção, 19, face a 40 no dia anterior, somando agora um total de 80.754 infetados e 3.136 mortos, na China Continental.
Portugal regista 41 casos confirmados de infeção, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).
A DGS comunicou também que em Portugal se atingiu um total de 375 casos suspeitos desde o início da epidemia, 83 dos quais ainda a aguardar resultados laboratoriais.
Face ao aumento de casos, o Governo ordenou a suspensão temporária de visitas em hospitais, lares e estabelecimentos prisionais na região Norte, até agora a mais afetada.
Foram também encerrados alguns estabelecimentos de ensino, sobretudo no Norte do País, assim como ginásios, bibliotecas, piscinas e cinemas.
Os residentes nos concelhos de Felgueiras e Lousada, no distrito do Porto, foram aconselhados a evitar deslocações desnecessárias.
[Notícia atualizada às 18:36]
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