“Para grandes males, grandes remédios”, afirmou Francisco Rodrigues dos Santos, líder do CDS, após uma reunião, na Residência Oficial de São Bento, em Lisboa, com o primeiro-ministro para António Costa lhe apresentar as medidas do plano governamental de resposta à doença, declarada pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

O líder centrista disse ter apresentado um “pacote de medidas” que disse serem “incisivas, objetivas e urgentes”, a começar pela criação de um gabinete de crise, com Governo, partidos, representantes dos médicos, parceiros sociais.

Propôs ainda o “encerramento imediato dos estabelecimentos de ensino”, garantindo-se “a compensação” na totalidade a “pelo menos um encarregado de educação” que acompanha o seu educando e o fecho de “todos os serviços ao publico que não são essenciais”, como museus, discotecas ou ginásios.

O controlo sanitário ao nível das fronteiras e o cancelamento de voos de e para países de “elevado risco” de contágio foram outras medidas avançadas pelos centristas, que nada adiantaram se tiveram algum acolhimento pela parte do executivo de António Costa.

Outras propostas são, ao nível comunitário, a possibilidade de um fundo de solidariedade para “financiar o SNS” no esforço de mitigar os efeitos da pandemia e de flexibilizar as normas europeias ao nível das ajudas de Estado, a par de uma isenção das empresas no pagamento do pagamento especial por conta e um adiamento no pagamento do IRC pelas empresas, com a possibilidade de isso ser feito em prestações.

O líder dos centristas disse que o CDS quer ser "parte da solução" e promete usar o seu "mais escrupulosos sentido de Estado" e uma "postura de cooperação institucional" com o Governo.

E ao primeiro-ministro disse querer "manifestar ao Governo" que é "necessário transmitir uma voz de comando", e fazer "um exercício de liderança", além da "tomada de decisões restritivas, drásticas" para "fazer face" à possibilidade de um contágio.

"Temos que investir em todos os mecanismos capazes de proteger as pessoas e a nossa economia. Não há tempo a perder. É necessário adotar decisões drásticas e restritivas para, no futuro, não nos virmos a lamentar de falta de coragem e de uma escalada de contágio que teria efeitos ainda mais negativos a nível social e económico", afirmou.

O novo coronavírus responsável pela Covid-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.600 mortos em todo o mundo, levando a Organização Mundial de Saúde a declarar a doença como pandemia.

O número de infetados ultrapassou as 125 mil pessoas, com casos registados em cerca de 120 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 78 casos confirmados.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) atualizou hoje o número de infetados, que registou o maior aumento num dia (19), ao passar de 59 para 78, dos quais 69 estão internados.

O boletim divulgado hoje assinala também que há 133 casos a aguardar resultado laboratorial e 4.923 contactos em vigilância, mais 1.857 do que na quarta-feira.

No total, desde o início da epidemia, a DGS registou 637 casos suspeitos.

O Conselho Nacional de Saúde Pública recomendou na quarta-feira que só devem ser encerradas escolas públicas ou privadas por determinação das autoridades de saúde.