A limitação da circulação nos próximos dois fins de semana, entre as 13:00 e as 05:00, e o recolher obrigatório entre as 23:00 e as 05:00 durante a semana, nos 121 concelhos com maior risco de contágio, é "uma desgraça para o setor", afirmou à agência Lusa o sindicalista Rui Galveias.

"Olhamos para tudo isto com muita preocupação. Entendemos a necessidade de cuidar das pessoas, entendemos que os números são dramáticos, mas não conseguimos compreender estados de emergência, quando as pessoas têm aderido às regras", salientou.

De acordo com o dirigente sindical, as mais recentes medidas do Governo "fazem com que os espetáculos deixem de fazer sentido", estando o setor perante "uma incapacidade absoluta para trabalhar e para chegar às pessoas".

Segundo Rui Galveias, o setor da cultura será altamente penalizado pela medida, apesar de ser um universo onde não têm sido reportados surtos ou focos de contágio.

"Isto resume a vida das pessoas ao caminho do trabalho. Garante-se trabalho, garante-se economia, mas não se garante a dignidade e a saúde mental das pessoas. Não é esta a sociedade que queremos", vincou, salientando que os contágios têm surgido acima de tudo "em zonas de grande indústria".

Para Rui Galveias, "o critério [do Governo] não é pôr em primeiro lugar as pessoas, mas sim outras coisas", sendo que "a cultura é uma vítima destas escolhas".

"Desde que a pandemia se instalou, que as reivindicações que fazemos têm cada ve mais peso e fazem cada vez mais sentido, mas as respostas do Governo ou não existem ou são migalhas para um setor precário e que está numa situação dramática", frisou.