"Houve períodos de grande afluência, mas neste momento as pessoas estão a respeitar aquilo que são as diretivas e estão a normalizar o processo, perfeitamente controlado", avançou à Lusa o diretor do hipermercado Continente, David Milheiro, destacando a "total adesão" dos clientes no respeito pelas medidas de limitação de pessoas por área, "com toda a tranquilidade".

Assegurando que o fornecimento está normalizado, David Milheiro explicou que existem produtos com elevada procura, "cuja quantidade pode não ser a suficiente para a procura", nomeadamente álcool e desinfetante, pelo que decidiram limitar a compra, para "que chegue ao máximo de pessoas possível".

"Neste momento, os nossos entrepostos estão cheios, as nossas lojas estão cheias e estamos a garantir a correta atribuição de mercadoria, para podermos fazer face à procura dos nossos clientes", apontou o diretor do Continente.

Quanto à falta de trabalhadores, porque alguns estão em casa, David Milheiro indicou que foram tomadas "todas as medidas para que seja possível colmatar essas ausências", reforçando que, neste momento, o funcionamento do hipermercado está "completamente normal".

A abrir às 08:30 e a fechar às 23:00, horário que sofreu uma redução de uma hora, porque antes encerravam às 24:00, o hipermercado pretende que este horário permita "mais tempo e menos concentração" de pessoas para a realização das compras, sustentou o responsável.

Ao lado do hipermercado, a loja de eletrodomésticos Worten está de portas abertas, mas com "um controlo total de entradas", em que "só entram clientes na loja acompanhados por um colaborador", têm de desinfetar as mãos à entrada e não é permitido tocar nos produtos.

"A Worten mantém as suas lojas abertas, efetivamente, porque os nossos bens foram considerados bens de primeira necessidade, nestas circunstâncias", avançou Inês Borges, diretora de marketing da empresa, referindo que as pessoas não podem ficar sem meios de teletrabalho, nem de conservação de alimentos.

Com menos pessoas a ir à loja, porque os clientes têm preferido a compra ‘online', os que se deslocam até ao Centro Colombo "vêm para satisfazer necessidades imediatas".

"O que notamos é uma alteração do tipo de tráfego que aflui a este tipo de lojas, as pessoas não vêm tanto ver produtos ou comparar ou pedir aconselhamento, quem vêm, vêm para comprar", declarou a diretora de marketing da Worten, empresa que decidiu reduzir o horário de funcionamento das suas lojas, para facilitar a gestão dos turnos e o envio para casa ou para tarefas que não são expostas ao público de pessoas que fazem parte de grupos de maior risco em relação à covid-19.

Sobre a reação dos trabalhadores quanto ao não encerramento da loja, no âmbito do estado de emergência devido ao novo coronavírus, Inês Borges garantiu que foi "muito positiva", uma vez que compreendem que os produtos de eletrónica, nomeadamente computadores, frigoríficos e máquinas de café, são hoje um bem necessário na vida das famílias.

"Nos últimos dias, não é possível tomar o café na rua, portanto temos sentido um aumento da procura de máquinas de café, porque as pessoas, efetivamente, satisfazem essa sua necessidade de uma outra forma", revelou.

Também sem fila, a farmácia Colombo tem os seis balcões de atendimento a funcionar, permitindo a entrada dos clientes, ainda que uma de cada vez, e garantindo as condições de segurança, com um responsável a fazer a gestão das pessoas que estão à espera.

"Neste momento, não temos máscaras, mas temos o álcool, o álcool gel e as luvas", indicou Susana Mata, diretora técnica da farmácia, admitindo que "houve pequenas subidas" no preço dos produtos, mas tem a ver com o aumento por parte dos fornecedores.

"Não estamos a ganhar mais com isto, como é evidente, estamos a faturar ao preço que também chega para nós, um pouco mais caro, em algumas coisas", ressalvou Susana Mata, referindo que a farmácia, além de garantir o atendimento ao público, está a fazer entregas gratuitas ao domicílio.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 345 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 15.100 morreram.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Em Portugal, há 23 mortes e 2.060 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde.

Dos infetados, 201 estão internados, 47 dos quais em unidades de cuidados intensivos.

Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de quinta-feira e até às 23:59 de 2 de abril.

Por: Sónia Miguel da agência Lusa