O Congresso dos Estados Unidos aprovou esta quinta-feira, 5 de março, um plano de emergência de 8,3 mil milhões de dólares para financiar a luta contra a propagação do novo coronavírus no país.

"O Congresso demonstrou uma capacidade de liderança forte e decisiva contra o novo coronavírus", disse o senador democrata Patrick Leahy, que recebeu com agrado o texto que foi redigido e aprovado por ambas as partes "em nove dias devido à emergência".

O plano visa melhorar a "preparação e resposta do governo" à epidemia, alocando fundos para a investigação e desenvolvimento de vacinas, tratamentos médicos e diagnóstico, bem como assistência para o desenvolvimento de atendimento médico à distância.

O principal sindicato de enfermeiros do país, o NNU, denunciou a falta de preparação e a falta de equipamentos de proteção adequados, bem como a formação insuficiente dos profissionais de saúde em vários hospitais e clínicas para lidar com a epidemia.

O sindicato também criticou a administração da epidemia pelas autoridades federais, cujas ações consideram tardias e pouco rigorosas.

Nos Estados Unidos, mais de 180 pessoas foram diagnosticadas com COVID-19, que até agora deixou 12 mortos.

O estado de Washington é o mais afetado, com mais de 70 casos e 11 mortes.

Em Seattle, a sua maior cidade, as empresas de tecnologia Amazon, Google, Facebook e Microsoft pediram aos seus funcionários que optassem pelo teletrabalho para evitar a contaminação.

Outros grupos restringiram as viagens ao estado de Washington ou Califórnia, onde uma pessoa morreu.

Como as autoridades anunciaram, o coronavírus continua a expandir-se por todo o país, com um primeiro caso no Colorado (oeste) e três no pequeno estado de Maryland (leste), nos portões da capital, Washington DC, que até agora não foi atingida, de acordo com fontes oficiais.

A "intuição" de Trump

A sul, as autoridades de saúde começaram a realizar análises a bordo de um navio de cruzeiro, "Grand Princess", onde foram detetados cerca de 35 casos suspeitos de infeção.

O navio, que transporta mais de 3.500 passageiros, foi bloqueado a cem quilómetros da costa da Califórnia.

Um homem de 71 anos que estava a viajar neste navio durante um cruzeiro anterior no México morreu devido a COVID-19.

O "Grand Princess" pertence à empresa Princess Cruises, que também é dona do "Diamond Princess", colocado em quarentena no Japão em fevereiro com mais de 700 contaminados, seis dos quais morreram.

Uma conferência de saúde que deveria reunir mais de 40 mil pessoas em Orlando, na Florida, foi cancelada na quinta-feira, quatro dias antes de ser aberta com a presença do presidente Donald Trump.

O governo norte-americano repete que o risco de epidemia no país permanece "fraco".

O secretário adjunto da Saúde, Brett Giroir, calculou que a taxa de mortalidade do COVID-19 está entre 0,1% e um máximo de 1%.

Na quarta-feira, Trump criticou o índice de 3,4% apresentado pela OMS, afirmando que a sua "intuição" indicava que era "falso".

A OMS, no entanto, baseia a sua estimativa apenas no número de casos confirmados.

A taxa de mortalidade "é provavelmente maior que a gripe sazonal", que é de 0,1% de acordo com os serviços de saúde dos EUA", mas certamente não de 2% a 3%", disse Giroir.

O Covid-19 é o nome atribuído pela Organização Mundial de Saúde à doença provocada pelo novo coronavírus, que surgiu em Wuhan, na China, no final do ano passado.

Este surto de Covid-19, detetado em dezembro, na China, e que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou mais de 3.300 mortos e infetou mais de 95 mil pessoas, incluindo nove em Portugal.

Das pessoas infetadas, mais de 50 mil recuperaram.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional e aumentou o risco para “muito elevado”.

Portugal tem nove casos confirmados e os casos suspeitos aumentaram em 30 de quarta para quinta-feira.

Segundo um boletim sobre a situação epidemiológica em Portugal, divulgado também na quinta-feira à noite pela Direção-Geral da Saúde (DGS), o número de casos suspeitos é de 147, valor desde janeiro deste ano. No boletim de quarta-feira os casos suspeitos eram 117 [um aumento de 16 casos em relação a terça-feira].

No boletim, a DGS diz que dos nove casos cinco são importados (Itália e Espanha) e que os restantes quatro são casos com ligação a casos importados.

Cinco dos doentes estão internados no Porto, um em Coimbra e três em Lisboa. Do total são oito homens e uma mulher, todos entre os 30 e os 69 anos.

Segundo a DGS há 213 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.

Em Portugal, quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas — que incluem febre, dores no corpo e cansaço — deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúdeNão se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-geral de Saúde.

As recomendações de saúde para evitar infeções são as seguintes:

  • Lavagem frequente das mãos com detergente, sabão ou soluções à base de álcool;
  • Ao tossir ou espirrar, fazê-lo não para as mãos, mas para o cotovelo ou para um lenço descartável que deve ser deitado fora de imediato;
  • Evitar contacto próximo com quem tem febre ou tosse;
  • Evitar contacto direito com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos;
  • Deve ser evitado o consumo de produtos de animais crus, sobretudo carne e ovos;
  • Caso se dirija a uma unidade de saúde com suspeitas de infeção ou sintomas deve informar de imediato o segurança ou o administrativo.

De referir que a Direção-Geral da Saúde (DGS) lançou um microsite sobre o novo coronavírus (Covid-19), onde os portugueses podem acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo e esclarecer dúvidas sobre a doença.