A criança, que morreu devido a “danos neurológicos ligados a uma paragem cardíaca”, tinha “uma serologia que mostrava que tinha estado em contacto” com o coronavírus, mas não teve os sintomas da covid-19, precisou à agência France-Presse o professor Fabrice Michel, chefe do serviço de reanimação pediátrica de La Timone em Marselha (sudeste), confirmando uma informação do diário La Provence.

O primeiro alerta para esta situação partiu da Associação de Pediatras de Cuidados Intensivos do Reino Unido, mas foi, entretanto, secundada pela Associação Espanhola de Pediatria e pela Sociedade Italiana de Pediatras.

Os hospitais ingleses relataram alguns casos que apresentavam características da Síndrome do Choque Tóxico ou da Doença de Kawasaki, um distúrbio raro dos vasos sanguíneos.

Destes casos, apenas algumas crianças tiveram resultado positivo para covid-19, portanto, os cientistas não têm a certeza se esses sintomas raros são mesmo causados pelo novo coronavírus.

Entretanto, a Associação Espanhola de Pediatria emitiu um aviso semelhante, alertando os pediatras de que, nas últimas semanas, houve várias crianças em idade escolar que apresentaram um quadro invulgar de dores abdominais, acompanhadas de problemas gastrointestinais que podem levar, em poucas horas, a um choque, com queda da pressão arterial e problemas cardíacos.

Também os pediatras italianos foram avisados da mesma preocupação pela Sociedade Italiana de Pediatria.

No dia 10 de maio, a direção a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, informou que a criança portuguesa com características da reação inflamatória rara já registada noutros países e associada à covid-19 estava a ter uma “recuperação favorável”.

“Em relação à criança, teve uma situação clínica que, não sendo o síndrome de Kawasaki, tinha algumas características, enquadrando-se no padrão que tem sido descrito”, disse Graça Freitas à data, falando na habitual conferência de imprensa diária sobre a evolução da pandemia em Portugal.

Os sintomas da Kawasaki incluem febre alta que dura cinco dias ou mais, erupções cutâneas e glândulas inchadas no pescoço.

A Organização Mundial da Saúde admitiu estar a tentar reunir mais informações sobre qualquer síndrome em crianças relacionada com o coronavírus, através da sua rede global de médicos, mas adiantou não ter recebido ainda nenhum relatório oficial sobre a situação.