Segundo noticiou hoje o Correio da Manhã, a delegação regional do Norte do INEM incluiu os proprietários e funcionários de uma pastelaria do Porto no grupo de profissionais que foi vacinado na primeira fase do plano de vacinação.
Questionado pela Lusa, o INEM remeteu mais explicações para uma declaração a fazer na delegação do Norte, pelas 16:30.
Na quinta-feira, uma denuncia da Associação Nacional de Emergência e Proteção Civil (APROSOC) de que o instituto teria incluído na vacinação contra a covid-19 profissionais não prioritários fez com que INEM viesse negar “todas e quaisquer acusações de favorecimento pessoal” no seu processo de vacinação.
Na altura, em comunicado, o instituto explicou que “solicitou apenas vacinas para os profissionais prioritários, tendo recebido as 1.174 doses de vacina anti-covid-19 Comirnaty® (Pfizer-BioNTech) solicitadas, que foram administradas a todos os profissionais prioritários que manifestaram interesse em ser vacinados”.
“Iniciado o processo de vacinação, foram identificados profissionais prioritários que não preenchiam os critérios para poderem receber a primeira dose da vacina, de acordo com as indicações de segurança do fabricante (Pfizer), nomeadamente por apresentarem contraindicações, com diagnóstico ou presença de sintomas indicadores de covid-19, ou que tinham estado doentes com covid-19 há menos de 90 dias”, referia a nota.
Na explicação, o INEM acrescentava ainda: “Considerando o tempo reduzido para administração da vacina, que após a descongelação deve ser administrada no prazo máximo de 120 horas, bem como as recomendações da Agência Europeia do Medicamento de que qualquer vacina não utilizada deveria ser descartada após a diluição, acrescido do facto de ser possível extrair seis doses por frasco, e não apenas as cinco doses inicialmente estipuladas (de acordo com as indicações do INFARMED), foi possível administrar as doses sobrantes aos profissionais do INEM que dão suporte à atividade de Emergência Médica, para evitar o desperdício destas”.
“Desta forma, para além das 1.174 vacinas solicitadas, foi possível administrar mais 92", acrescentou.
Na mesma resposta, o INEM disse ainda que "os prazos estipulados para administração das vacinas após descongelação e diluição, bem como a logística de todo este processo de vacinação, nomeadamente a exigência de condições de assepsia na sua preparação, não permitiriam a administração destas doses sobrantes a pessoas externas, e em ambientes externos ao INEM”.
Delegado do INEM-Porto diz que só evitou que se deitassem vacinas ao lixo
O delegado do INEM no Porto assumiu hoje que autorizou a vacinação de 11 funcionários de uma pastelaria próxima, mas recusou qualquer favorecimento, assegurando que se tratou apenas de evitar que as vacinas fossem para o lixo.
Falando hoje aos jornalistas no INEM-Porto, António Barbosa disse que a vacinação dessas pessoas obedeceu apenas a um critério de “disponibilidade e proximidade” e não outro.
Segundo a sua versão, havia mais 11 vacinas preparadas para o pessoal do INEM do que o que se veio a verificar ser necessário e a alternativa ao que determinou seria o desperdício.
“Atendendo o que está descrito na norma, a alternativa a vacinar cidadãos próximos seria descartar, literalmente deitar ao lixo”, disse.
Uma resposta à pedidos de esclarecimento da Lusa referia, contudo, que “os prazos estipulados para administração das vacinas após descongelação e diluição, bem como a logística de todo este processo de vacinação, nomeadamente a exigência de condições de assepsia na sua preparação, não permitiriam a administração destas doses sobrantes a pessoas externas, e em ambientes externos ao INEM”.
António Barbosa disse ter colocado o seu lugar à disposição da administração – e não apresentado a sua demissão – depois de ter sido noticiado que o instituto tinha vacinado contra a covid-19 funcionários de uma pastelaria no Porto, confirmou à Lusa fonte do instituto.
A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) anunciou na sexta-feira que vai verificar o cumprimento das normas e orientações aplicáveis ao processo de administração da vacina contra a covid-19.
“Esta inspeção vai abranger, nesta fase, as cinco administrações regionais de saúde, IP, os hospitais, os centros hospitalares e as unidades locais de saúde do Serviço Nacional de Saúde, bem como algumas entidades que integram os serviços centrais do Ministério da Saúde”, adianta a IGAS numa nota de imprensa publicada no seu portal eletrónico.
Segundo a IGAS, a inspeção assenta em três vertentes: critérios de seleção das pessoas a vacinar dentro dos grupos prioritários, procedimentos de gestão das doses excedentes e medidas preventivas do desperdício.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.206.873 mortos resultantes de mais de 102 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 12.179 pessoas dos 711.081 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
[Artigo atualizado às 18:09]
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