Segundo os dados divulgados no boletim epidemiológico de hoje, Portugal regista 1.144 mortes, mais nove mortes face a domingo e 27.679 casos confirmados de infeção (mais 98 casos face a ontem).
A diretora-geral da Saúde aproveitou a fase inicial da conferência de imprensa para, mais uma vez, apelar aos pais e cuidadores para vacinarem as crianças e assim evitarem outras doenças infecciosas. Graça Freitas agradeceu aos farmacêuticos que "têm estado ativamente a incentivar a vacinação e a retoma nos moldes em que era feita antes da emergência devido à covid-19" e aos enfermeiros que diariamente continuam a vacinar as crianças.
António Lacerda Sales indicou ainda que a taxa de ocupação dos cuidados intensivos com pessoas infetadas está estável. "Temos uma taxa de ocupação estável. Neste momento a ocupação é de 53% nas unidades de cuidados intensivos para adultos", afirmou, indicando ainda que a taxa de letalidade global é de 4,1%.
Depois, questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de tirar conclusões da primeira semana de desconfinamento parcial, o secretário de Estado da Saúde clarificou que ainda é cedo para tal. "É cedo para apresentar resultados. E com a devida serenidade e tranquilidade chegará o tempo de fazermos esses balanços", disse.
"O país está há uma semana em processo de desconfinamento, mas este não é ainda o tempo para balanço, mas para continuar este caminho. Esta não é uma corrida curta e rápida, é uma maratona longa, por vezes com obstáculos, que procuramos vencer sempre com decisões sustentadas na melhor evidência científica em cada momento, equilibrando decisões entre as melhores práticas sanitárias e a viabilidade da sua aplicação", acrescentou.
Chegada de mais equipamento de proteção permite stock estável
O secretário de Estado da Saúde disse que esta semana deverão chegar dois milhões de máscaras cirúrgicas e 1,7 milhões de respiradores FFP2 e FFP3, garantindo a "estabilidade de renovação do ‘stock’ de equipamentos de proteção contra a covid-19.
"Esta semana deverão chegar dois milhões de máscaras cirúrgicas e 1,7 de respiradores FFP2 e FFP3 entre outros materiais importantes o que garante que uma certa estabilidade de renovação de ‘stock’ que continua a ser cruciais", disse António Lacerda Sales.
Portugal tem previsto, avançou o governante, que continuem a chegar com regularidade equipamentos de proteção individuais do mercado externo e interno.
Quanto aos testes de diagnóstico, Lacerda Sales anunciou que desde 1 de março foram realizados cerca 547 mil testes à covid-19 e que "de 1 a 10 de maio já foram efetuados mais testes do que todo o mês de março, numa média total de 13.100 testes por dia".
"Estes indicadores são importantes, porque quanto mais testamos mais sabemos sobre a realidade epidemiológica do país e temos feito o esforço, que vamos prosseguir", sustentou.
Creches, um sítio para brincar
Uma das questões que tem suscitado críticas tem sido as normas a seguir para as creches. "Nós sabemos, todos, que são um sítio para brincar", começou por explicar Graça Freitas.
"Estas crianças são muito pequeninas. Não é possível impor a crianças pequenas regras de comportamento. No entanto, devemos fazer tudo, mas tudo, para que os adultos no espaço minimizem os riscos das suas brincadeiras. Dou um exemplo: desdobrar turmas, diminuir o número de meninos numa sala, não garante que não se juntem. Garante é que não se juntem meninos com mais meninos. Já permite aqui uma espécie de distanciamento social alargado", disse.
"Sabemos que durante a brincadeira não se pode deixar de se juntarem. Mas pode-se deixar os sapatos à porta. [Assim como] também dormem. Por isso, podemos pedir que os seus colchões fiquem a uma distância de segurança para que quando estiverem a dormir não passem gotículas para o seu colega do lado. E também podemos pedir que cada menino tenha o seu próprio colchão e que durante as refeições exista espaçamento nas salas e que não sejam todas ao mesmo tempo. Ou seja, aquilo que nós adultos podemos fazer não é impedir o mundo dos meninos, mas sim dar a esse mundo dos meninos a maior segurança possível", concluiu.
Por isso, defendeu, "é tão importante que as creches se organizem em função do seu espaço, do seu número de alunos para criarem este circuito".
"Agora, obviamente, não vamos impedir o normal desenvolvimento dos meninos, nem as suas brincadeiras, nem os seus convívios, porque isso é impossível, vamos é fazer tudo para minimizar cruzamentos entre pessoas, entre meninos, e por outro lado proteger os adultos que os acompanham", reiterou a diretora-geral da Saúde.
Como os meninos não podem utilizar uma máscara, "os adultos terão de fazê-lo, obviamente, sempre para minimizar a probabilidade de contágio de um adulto para uma criança", exemplificou ainda.
Graça Freitas sublinhou que as regras que foram apresentadas há poucos dias numa sessão pública eram apenas ainda para ser discutidas, para ouvir pareceres de associações de pais e de outros setores da atividade.
"Temos que pensar nos meninos que têm características próprias e direito ao seu desenvolvimento e à sua brincadeira e adultos têm de criar regras que minimizem o cruzamento entre determinados objetos, equipamentos e depois no cruzamento entre muitas crianças ao mesmo tempo", rematou.
Futebol e o seu regresso
"Ontem finalizamos um parecer técnico onde estão plasmadas as nossas principais preocupações e também onde estão as nossas diretrizes a esta matéria [a retoma do campeonato]", indicou António Lacerda Sales.
O secretário de Estado indicou que é uma atividade que se tem de basear muito na testagem, no isolamento, no tratamento e na proteção dos atletas. Ou seja, dividiu os papéis dos dois intervenientes principais nesta história: área da Saúde assegura o bem-estar dos atletas, ao passo que a Federação Portuguesa de Futebol tem a responsabilidade de "operacionalizar as diretrizes e orientações da direção-Geral da Saúde".
"Os níveis de responsabilidade estão muito perfeitamente definidos", garantiu. "Foi um trabalho profícuo e muito motivante entre a Federação e a DGS. Obviamente, se cada uma das partes fizer o seu trabalho a retoma [do campeonato] será com certeza bem-sucedida como todos queremos e esperamos".
Graça Freitas também abordou o assunto e frisou que não quer fazer exercícios sobre o número de casos que podem acontecer "em determinada altura" e que, por isso, não quer fazer "futurologia".
"Os planos que nós estamos a fazer e esta colaboração com a Federação Portuguesa de Futebol é exatamente para minimizar a probabilidade de ocorrências de casos positivos. Foi por isso que chegámos a acordo em relação a regras de conduta — o célebre Código de Conduta — que vai permitir que toda a comunidade envolvida nestes jogos minimize a probalidade ou risco de vir a ter um teste positivo. E isto faz-se com maiores medidas de isolamento social possível", alongou.
Outra das questões levantadas teve que ver as com condições exigidas para o regresso da Liga e Taça de Portugal. Por outras palavras, sobre o Código de Conduta que terá que ser respeitado por todos e divulgado pela Federação Portuguesa de Futebol. Especialmente porque há um ponto que está a desagradar a vários jogadores. É logo o primeiro de uma lista de 14:
1. A FPF, a Liga Portugal, os clubes participantes na Liga NOS e os atletas assumem, em todas as fases das competições e treinos, o risco existente de infeção por SARS-CoV-2 e de COVID-19, bem como a responsabilidade de todas as eventuais consequências clínicas da doença e do risco para a Saúde Pública.
A diretora-geral assumiu que é "óbvio que em qualquer processo em que o risco não é zero os atores envolvidos têm diferentes níveis de responsabilização".
"Isto é plasmado em Códigos de Conduta. Não é apenas um dos intervenientes que fica responsável por todo o processo. Isto são as questões que vão ser decididas em sede própria e não compete ao Ministério da Saúde nem à DGS estabelecer estas questões. A nós compete alertar para que de existir aqui um consenso, um Código aceite pelas partes envolvidas e que implica que todos tenham consciência [disso]. Tal como nós vamos fazer uma cirurgia, por exemplo, e que nos podem parar assinar consentimento informado", explicou.
Síndrome de Kawasaki
Foi a última questão a ser levantada pelos jornalistas: se havia algum caso em Portugal desta doença inflamatória grave. Graça Freitas indicou que há uma criança com sinais e "sintomas compatíveis", mas que se trata de uma criança e não um recém-nascido.
"Em Portugal apenas foi reportado um caso de uma criança que tinha sinais e sintomas compatíveis com essa Síndrome. Felizmente é uma criança que estado a evoluir bem — apesar de ainda inspirar cuidados. Mas apenas temos report de uma única situação e não se trata de um recém-nascido. É uma criança mais crescida", disse.
Sequelas da doença nos casos mais graves e o tempo de testar positivo
Questionada sobre a possibilidade de existirem sequelas em alguns casos infetados com condições "mais graves", Graça Freitas indicou que não tem dados em Portugal que o comprovem, mas salienta que "indicações internacionais" que apontam para essa realidade.
Sobre o tempo que uma pessoa pode estar a testar positivo para a covid-19, a diretora-geral da Saúde respondeu que "aquilo que nós sabemos é que há pessoas que testam positivo muito tempo depois de terem tido resolução da sua situação clínica. Ou seja, já não têm sintomas há muito tempo".
"Dados de outros países sugerem que no sistema respiratório superior dos doentes permanecem pequenas partículas virais que testam positivo pelo teste clássico de diagnóstico. No entanto, não há evidência de que essas pequenas partículas origem novos casos de doença porque não são vírus completos; são apenas partículas que não têm capacidade para se replicar e dar origem a novos casos de doença", disse.
Lisboa e Vale do Tejo é a região com maior risco de transmissão
A região de Lisboa e Vale do Tejo é a que apresenta o risco de transmissibilidade (RT) mais elevado do país, mas "com tendência decrescente", disse hoje a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas.
"Há de facto ligeiras assimetrias. Neste momento, a região de Lisboa e Vale do Tejo é aquela que tem um RT um bocadinho mais elevado do que as outras, mas com tendência decrescente", disse.
Explicou ainda que o RT é "calculado com muita frequência e diz respeito sempre aos dados disponíveis para cinco dias anteriores e, portanto, há sempre ajustes conforme os boletins vão saindo e são feitos à data".
O último boletim indica que o RT está a diminuir na região de Lisboa e Vale do Tejo, bem como nas outras regiões do país, observou.
Serviço Nacional de Saúde
Questionado sobre a capacidade do Serviço Nacional de Saúde, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, afirmou que, "como tem sido bem evidenciado", tem sido capaz de responder às necessidades.
"Mantemos um nível de expansibilidade que nos permite também olhar para o futuro com confiança relativamente a essa capacidade de o Serviço Nacional de Saúde poder responder, quer em termos de assistência covid, quer também agora na reprogramação de assistência não covid", declarou, bem como nos números de cuidados intensivos.
António Lacerda Sales afirmou que "tudo aponta para que o Serviço Nacional de Saúde possa também neste futuro próximo vir a responder de uma forma satisfatória, aliás como tem acontecido, àquilo que são as necessidades do momento".
Onde posso consultar informação oficial?
A DGS criou para o efeito vários sites onde concentra toda a informação atualizada e onde pode acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo. Pode ainda consultar as medidas de segurança recomendadas e esclarecer dúvidas sobre a doença.
- https://covid19.min-saude.pt
- https://covid19.min-saude.pt/ponto-de-situacao-atual-em-portugal
- https://www.dgs.pt/em-destaque.aspx
Quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas em Portugal - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúde. Não se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-Geral da Saúde.
(Notícia atualizada às 16:33)
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