“A pergunta que se faz neste momento impor é o que é que o Governo pretende fazer para que estas empresas não caiam todas. Começam a cair uma a uma e acho que tem de haver, por parte do Governo, uma resposta bastante musculada”, disse à Lusa José Gouveia, da Associação Nacional de Discotecas.
Segundo o empresário, as medidas poderiam passar por “apoios à tesouraria a fundo perdido, créditos com taxas de juro próximas de zero, isenção de impostos e a redução de algumas taxas e impostos como a TSU (Taxa Social Única)”.
“São medidas que o Governo terá de estudar e perceber para apoiar estas empresas e para que consigam sobreviver ao tempo enquanto não puderem abrir numa normalidade”, disse José Gouveia, lembrando que há alguns espaços que foram “abertos a conta gotas”, mesmo a 20 ou 30% da sua lotação.
“Entre despesas e lucros a média fica abaixo do valor da linha de água”, afirmou.
O responsável lembrou que há seis meses que as discotecas e bares estão fechados, o que “leva ao desespero” de muitos empresários, lembrando que “dia sim, dia não, uma empresa entra em falência ou insolvência”.
“Se fizermos uma leitura dos factos atuais, até final do ano não haverá noticias positivas. No início do ano 2021 estaremos em pleno inverno, não haverá alterações e muitos proprietários não estarão em condições de abrir na incerteza de ter clientes”, reconheceu.
José Gouveia avançou que, “entretanto, muita coisa já mudou”, reportando-se aos hábitos das pessoas nos últimos meses e lembrando da “crise económica em crescimento, com as pessoas a ficarem descapitalizadas”.
“Muitas vezes é importante perceber se daria para todos. Isso transporta-nos para um ano em que as empresas estarão encerradas e inativas”, apontou, sublinhando a importância do apoio do Estado.
“Aquilo que muitas aguardam neste momento é saber como é que o Estado pretende apoiar as empresas encerradas desde março”, frisou.
Apesar de todos os problemas, José Gouveia reconheceu que alguns espaços aproveitaram a uma nova regra do Governo, implementada no início de agosto, que permitiu que as discotecas e bares abrissem como pastelarias ou cafés, dando como exemplo a noite no Algarve durante o verão.
“Alguns espaços encontraram essa solução. O público respondeu positivamente aparecendo mais cedo, já não estendendo a hora de jantar, aparecendo mais cedo e começando a divertir-se mais cedo”, contou, adiantando que, “se for bem feito, até pode ser feita uma reabilitação de horário, no sentido de a noite começar e terminar mais cedo”.
Considerando não ser uma solução unânime, José Gouveia reconheceu que a maioria dos empresários poderá estar nessa disposição.
A 30 de julho, após a reunião semanal do Conselho de Ministros, a ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, explicou que, no contexto da “situação epidemiológica do país mais controlada”, foi determinada “a possibilidade de os estabelecimentos que são bares na sua origem funcionarem enquanto pastelarias e cafés, seguindo as mesmas regras de distanciamento que estas instituições têm”.
A ministra esclareceu que os bares e discotecas continuam encerrados, permitindo-se apenas que, os que queiram funcionar como cafés e pastelarias, o possam fazer “sem alterar a sua atividade” oficialmente, como estava a acontecer. Estes estabelecimentos estão encerrados desde março devido à pandemia da Covid-19.
Os bares e discotecas que optassem por esta possibilidade podem funcionar até às 20h00 na Área Metropolitana de Lisboa e até às 01h00 (com limite de entrada às 24h00) no resto do território continental, como a restauração.
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