Essa manipulação aconteceu depois de os piratas informáticos terem obtido, em novembro último, documentos e mensagens de correio eletrónico relativas à avaliação de vacinas experimentais, com dados confidenciais relativos à pandemia de covid-19, especificou a agência sediada em Amesterdão, uma das capitais dos Países Baixos, mencionando uma investigação em curso.
"Parte da correspondência foi manipulada pelos perpetradores [do roubo] de uma forma que poderia minar a confiança nas vacinas. Vimos que parte da correspondência não foi publicada na sua totalidade e na sua forma original ou com comentários e adições por parte dos perpetradores", adiantou a entidade.
A Agência Europeia do Medicamento não revelou as informações que foram alteradas, mas entidades especializadas em segurança cibernética creem que as ações desencadeadas pelos 'hackers' se enquadram nas campanhas de desinformação lançadas por governos.
A empresa italiana de segurança cibernética Yarix disse ter encontrado 33 Mega Bytes da informação acedida pelos 'hackers' num fórum clandestino, com um título a criticar o efeito das vacinas e uma das suas fabricantes, a Pfizer, antes de se espalhar por outras páginas da Internet, nomeadamente pela 'dark web'.
Para a Yarix, a intenção por detrás da fuga de informação é "causar danos significativos à reputação e à credibilidade do regulador europeu do medicamento e da Pfizer".
Já o consultor de segurança cibernética Lukasz Olejnik considerou que os atos dos piratas informáticos têm "potencial significativo" para "semearem a desconfiança no processo da Agência Europeia do Medicamento, nas vacinas e na vacinação em geral"
"Embora não seja claro quem pode estar por detrás da operação, é evidente que houve recursos alocados para ela", disse.
A entidade adiantou também que a polícia já está a tomar as "medidas necessárias" para responder à fuga de informação, estando em curso uma investigação criminal.
A Agência Europeia do Medicamento sofreu fortes críticas da Alemanha e de outros países membros da UE em dezembro, por não ter aprovado vacinas contra o vírus mais rapidamente.
O regulador da UE emitiu a primeira recomendação para a vacina fabricada pela Pfizer e pela BioNTech semanas depois da injeção ter sido aprovada no Reino Unido, onde ocorreu a primeira aplicação a nível mundial, em 08 de dezembro, e ainda em países como Estados Unidos e Canadá.
Apesar da "necessidade urgente em disponibilizar vacinas aos cidadãos da UE o mais rapidamente possível", a Agência
Europeia do Medicamento argumentou que a aprovação das vacinas foi legitimada pela "força da evidência científica sobre quanto à sua segurança, à sua qualidade e à sua eficácia".
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