"Como é que somos obrigados a encerrar espaços com mais de 100 pessoas e continuamos a ter empresas a laborar com mais de 100 pessoas? Era essa resposta que eu gostava de ter por parte da Direção-Geral da Saúde", comentou hoje Nuno Fonseca, em declarações à Lusa.
O presidente da Câmara referiu ter já remetido “para as autoridades de saúde as preocupações dos trabalhadores” das fábricas que existem no concelho, “que continuam a laborar correndo grandes riscos”, bem como “as preocupações dos seus patrões, que querem encerrar, mas os apoios são insuficientes".
Duas semanas depois de terem surgido os primeiros casos da doença no concelho, que levaram a tutela a encerrar todas as escolas e outros equipamentos públicos e privados, antes de a medida ser alargada a todo o país, o presidente da Câmara fala da situação muito difícil em que se encontra o concelho líder na produção e exportação de calçado em Portugal.
"Hoje Felgueiras é uma terra triste, sobre a qual pairam nuvens cinzentas", desabafou, de semblante carregado, referindo que "os empresários tentam sobreviver neste marasmo", com as encomendas a baixar e as dificuldades na obtenção das matérias-primas a aumentar.
Nuno Fonseca para, por instantes, para medir as palavras e insiste na questão da saúde da população. Diz haver muitos empresários que querem encerrar as suas unidades produtivas para minimizar os riscos de propagação da Covid-19 entre os seus trabalhadores, mas que têm medo do impacto dessa decisão no futuro.
O autarca de Felgueiras defende que o Presidente da República deve decretar o Estado de Emergência no país, porque a prioridade maior é tratar da saúde das pessoas.
O Governo deve, acentuou ainda, promover medidas concretas que ajudem as unidades industriais do concelho, recordando que Felgueiras tem contribuído ativamente para a economia do país e é, por isso, credor da atenção do Estado "neste momento difícil"
"São cerca de 25 mil pessoas que aqui trabalham, só no setor do calçado", exclamou.
Nuno Fonseca sinalizou, por outro lado, a situação muito difícil do comércio tradicional no concelho, com o encerramento temporário de grande parte dos estabelecimentos, como medida preventiva no combate à Covid-19. O autarca disse temer que muitas dessas pequenas empresas não tenham condições para reabrir, algo que também deve merecer atenção das entidades competentes.
Do lado da câmara, anotou, já foram mobilizados cerca de 500 mil euros que estavam previstos para eventos e outras atividades, transferindo essa verba para mecanismos de apoios municipais às empresas, às instituições de solidariedade e às pessoas que têm mais dificuldades.
O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou mais de 189 mil pessoas, das quais mais de 7.800 morreram.
Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 81 mil recuperaram da doença.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou terça-feira o número de casos confirmados de infeção para 448, mais 117 do que na segunda-feira, dia em que se registou a primeira morte no país.
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