“Creio que é a decisão sensata e a possível. Não há outra solução neste momento. As condições aconselham que se faça isto. Nós como gente que sabe fazer a sua festa e sabe trabalhar para isso, quando chegar à altura havemos de voltar com redobrada energia”, afirmou o autarca, em declarações à Lusa.

Consideradas das maiores festas profanas dos Açores, as festas concelhias de Angra do Heroísmo celebram todos os anos o São João durante 10 dias, com cortejos, marchas populares, música, gastronomia, tauromaquia, desporto e exposições, entre outras atividades.

As festas estavam agendadas para o período de 19 a 28 de junho e já vários emigrantes açorianos na Califórnia, nos Estados Unidos da América, tinham adquirido passagens aéreas.

O autarca justificou o anúncio da decisão, a cerca de três meses das festas, com o tempo de preparação que elas exigem, não só por parte do município, como de centenas de voluntários.

Num ano normal, por esta altura, já os participantes das marchas de São João estariam a escolher tecidos para as roupas e dentro em breve começariam os ensaios das coreografias.

“Esta festa não se faz de uma semana para a outra, exige uma longa preparação. Tendo em conta a impossibilidade de as pessoas fazerem a sua vida normal e a incerteza que ainda paira sobre o que será a situação em meados de junho, achámos que era melhor, para evitar despesas necessárias por parte dos particulares, informar desde já que a festa este ano não se fará”, revelou.

Se até junho, as condições de saúde pública o permitirem, a autarquia promete “fazer uma pequena festa, que celebre o São João”, apenas para assinalar a tradição, mas distante dos festejos habituais.

O período das Sanjoaninas é uma das alturas do ano em que a ilha Terceira recebe mais visitantes. Só da ilha vizinha de São Miguel costumam chegar mais de 2.000 pessoas e da Califórnia meio milhar.

“São muitas e muitas centenas de pessoas que se vão formando e que fazem com que seja uma gigantesca festa e isso obviamente neste ano não é aconselhável, nem possível”, salientou o autarca.

A autarquia contava investir entre 400 a 500 mil euros, mas parte desse montante teria retorno nas licenças das tascas e na venda de bilhetes, por isso Álamo Meneses alega que o cancelamento não terá impacto no orçamento do município.

O mesmo não se poderá dizer do comércio local e de várias instituições e particulares que aproveitavam os dias das festas para montar tascas e feiras, procurando angariar receitas extraordinárias.

“No que diz respeito aos particulares, o impacto é terrível e nós estamos bem conscientes disso. Uma das nossas grandes dificuldades e aquilo que mais pena causa neste cancelamento é exatamente o enorme problema que nós estamos a causar aos privados. Há muita gente nesta ilha que arredonda o seu rendimento anual com o dinheiro que faz naqueles dias da festa”, apontou.

Também o setor do turismo se ressentirá, sobretudo, tendo em conta que restaurantes, hotéis e outras atividades conexas já estão a viver uma situação de “verdadeiro colapso”.

“Não estamos perante uma coisa que vá desaparecer nos próximos dias, estamos perante uma situação que infelizmente, tudo indica, se prolongará por muito tempo. Enquanto se mantiver essa situação, temos que manter a segurança e o respeito necessário para que ninguém fique doente. Quando a Autoridade de Saúde considerar que já não há riscos, aí teremos que reavaliar e pensar a situação”, salientou Álamo Meneses.

Logo a seguir à Páscoa, têm início na ilha Terceira, tal como nas restantes ilhas dos Açores, as festas do Divino Espírito Santo.

Durante oito semanas, populares e comissões de festas rezam o terço durante uma semana e no domingo celebram com uma coroação na Igreja e um almoço, que junta amigos e familiares.

A essas festas estão também associadas as tradicionais touradas à corda da ilha Terceira, que juntam milhares de pessoas, entre 01 de maio e 15 de outubro.

As licenças municipais para as festas dos Impérios do Espírito Santo e para as touradas estão, no entanto, suspensas, até que a Autoridade de Saúde Regional garanta que existem condições de segurança para a sua realização.

“Neste momento, não há condições para ser feito. Enquanto a Autoridade de Saúde não declarar que há segurança para ocorrerem ajuntamentos, não poderá ocorrer nenhuma destas festas”, afirmou Álamo Meneses.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 140 mortes, mais 21 do que na véspera (+17,6%), e 6.408 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 446 em relação a domingo (+7,5%).

Dos infetados, 571 estão internados, 164 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.

Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril.

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