“A medida é mais um passo em frente no sentido do levantamento das restrições, que têm impedido na prática e continuam a impedir as viagens, e nós estamos de alguma forma expectantes relativamente ao impacto que isto pode ter no aumento da procura por parte dos turistas britânicos”, afirmou hoje à agência Lusa o presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), Elidérico Viegas.
O dirigente associativo disse ser “ainda cedo” para saber como esta medida vai impactar na procura, até porque, recordou, “algumas das restrições anteriores continuam a manter-se, designadamente a exigência, passados dois dias do regresso ao Reino Unido, de fazer um teste PCR”.
“O nosso país ainda não levantou as restrições à entrada de turistas britânicos com as duas doses da vacina, o que é pena, e continua a exigir um teste para entrar em Portugal”, exemplificou Elidérico Viegas, considerando que esta restrição “também, de alguma forma, poderia ser levantada”.
Em Portugal, sublinhou, os turistas têm necessidade ou obrigatoriedade de apresentarem teste negativo ou um certificado digital, ou terem de fazer teste à entrada do hotel, e a medida também se aplica a turistas estrangeiros.
“As nossas perspetivas apontam para ter uma ocupação nos meses de julho e agosto que poderá rondar os cerca de 60%, ainda longe dos habituais 100% que se verificavam antes da pandemia”, estimou.
O presidente das AHETA frisou que estas taxas de ocupação previstas são “mais ou menos idênticas” às do ano passado e lamentou que as “previsões de ter um verão bastante melhor do que o ano passado” estejam a ser “comprometidas pelas restrições que têm vindo a ser anunciadas e pelas recomendações da parte de países que são muito importantes na procura turística da região, como a Alemanha, Holanda ou Irlanda”.
“E estamos algo curiosos para saber qual é o verdadeiro impacto do levantamento destas restrições no aumento da procura dos turistas britânicos”, reiterou, lembrando que o Reino Unido é o principal mercado emissor de turistas para o Algarve.
A AHETA considera, por isso, que se trata de “uma medida positiva” e espera que “ela possa contribuir para aumentar a procura por parte dos turistas britânicos”, porque “qualquer impacto positivo neste mercado tem logo reflexos nas taxas de ocupação e nos resultados económicos das empresas” turísticas.
“Eu acho que o mundo inteiro já percebeu que nós vamos ter de lidar com a pandemia e temos de encontrar soluções diferentes daquelas que temos encontrado até agora, porque de facto não é possível confinar, desconfinar, voltar a confinar de forma sucessiva. Isso traz prejuízos elevadíssimos e, em boa medida também, essas medidas ou restrições no abrandamento da pandemia são também muitas vezes contraditórias e até com eficácia duvidosa”, disse ainda.
Elidérico Viegas pediu, por isso, às “entidades competentes em todo o mundo e em Portugal” para “tomar medidas que permitam conciliar o combate à pandemia, mas ter o mundo a funcionar”, porque “continuar a combater a pandemia com a paragem da economia” tem como resultado um “desastre que pode causar problemas maiores do que a própria pandemia”.
Inglaterra levantou hoje quase todas as restrições impostas para conter a propagação do novo coronavírus, incluindo o uso obrigatório de máscara, apenas recomendado nas lojas e transportes, e o distanciamento social.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, justifica a decisão com o êxito da vacinação - dois terços dos adultos têm as duas doses -, que reduziu a doença grave, as hospitalizações e as mortes, afastando o risco de sobrecarga do sistema de saúde.
A partir de hoje, o teletrabalho deixa de ser a norma, espetáculos e estádios desportivos funcionam com a capacidade total, discotecas reabrem, ‘pubs’ voltam a ter serviço ao balcão e o número de pessoas que se juntam deixa de ser limitado.
A medida é contestada como imprudente pela oposição trabalhista, dado o aumento de infeções pela variante Delta, e o próprio ministro da Saúde, Sajid David, que no sábado anunciou ter sido contaminado, admite que o número de casos diários atinja os 100.000 em poucas semanas.
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