Em declarações aos jornalistas no contexto da visita ao Centro de Acolhimento Militar da Base Aérea Nº 11 em Beja, António Lacerda Sales deixou clara a posição do governo sobre a vacinação.
"Garantidamente, para este governo, não há nenhuma limitação da idade. As faixas mais vulneráveis sempre foram uma prioridade para este governo, nomeadamente os mais idosos", assegurou o secretário de Estado Adjunto e da Saúde.
"Temos o exemplo de todo o trabalho que temos feito em lares, estruturas residenciais para idosos. Não seria agora — e não será com certeza — que a idade será um limite para a vacinação", recordou.
"Obviamente há determinadas vacinas que, por causa de determinados critérios e características, têm uma indicação para determinadas faixas etárias — é a única limitação e tem só a ver com as características das vacinas", justificou.
O secretário de Estado Adjunto e da Saúde disse ainda que o governo recebeu uma proposta da DGS relativa à vacinação que "inclui todos os idosos dos lares, sem limite de idade", tal como "profissionais desses lares, profissionais de saúde, forças da autoridade, doentes com comorbilidades".
"Portanto esta é que é a realidade da proposta que recebemos", a qual "ainda não foi analisada pelo Ministério da Saúde", mas que, "a seu tempo, com ponderação e serenidade", será alvo de análise e de "decisão política", disse.
Segundo uma proposta de especialistas da DGS, reproduzida hoje nos jornais, as pessoas entre os 50 e os 75 anos com doenças graves, os funcionários e utentes de lares de idosos e os profissionais de saúde envolvidos na prestação direta de cuidados deverão ser os primeiros a ser vacinados contra a covid-19, perfazendo um total de 750 mil pessoas a vacinar.
Seguem-se 45 mil elementos das forças de segurança e da protecção civil e também doentes crónicos entre os 50 e os 75 anos — o que inclui diabetes ou cancro — sendo assim mais três milhões a precisar de vacinas prioritárias.
Ainda entre os grupos que deverão receber a vacina mais cedo encontram-se os idosos com mais de 65 anos, mas foram considerados de menor prioridade, sendo que a decisão terá em par sido tomada dado que ainda não há consenso científico quanto à eficácia das vacinas neste grupo.
No entanto, tratando-se de um dos grupos de risco mais agudo durante a pandemia, o Expresso refere que a decisão de remetê-lo para o "fim da fila" dos prioritários terá levado vários dos especialistas que integram o grupo a insurgir-se contra o plano, apresentado na reunião do Conselho Nacional de Saúde Pública da semana passada por Graça Freitas, diretora-geral da Saúde.
O governo criou uma 'task-force' para coordenar todo o plano de vacinação contra a covid-19, desde a estratégia de vacinação à operação logística de armazenamento, distribuição e administração das vacinas, tem um mês para definir todo o processo.
Um despacho publicado na quarta-feira em Diário da República, assinado pelos ministros da Defesa Nacional, Administração Interna e Saúde, esta task-force tem um mandato de seis meses, renovável em função do progresso da operacionalização da vacinação contra a covid-19.
A 'task-force' tem um núcleo de coordenação, liderado pelo ex-secretário de Estado Francisco Ramos e que inclui elementos da Direção-Geral da Saúde, Infarmed e dos ministérios da Defesa Nacional e da Administração Interna e conta com o apoio técnicos de diversas estruturas.
O Estado-Maior-General das Forças Armadas, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, I. P. (INÇA), os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) e o Serviço de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH) são as entidades de apoio técnico.
Em reação às notícias hoje veiculadas, o coordenador da ‘task force’ criada pelo Governo para definir todo o plano de vacinação contra a covid-19, Francisco Ramos, explicou hoje à Lusa que a proposta apresentada pela DGS “não tem qualquer limite de idade para as pessoas internadas em lares”.
Os residentes em lares, de qualquer idade, os funcionários destas instituições, os profissionais de saúde, das forças de segurança e os idosos com comorbilidades severas são os grupos prioritários propostos pela DGS para a vacina contra a covid-19, declarou Francisco Ramos.
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