Contactado pela agência Lusa, fonte do Comando Territorial de Beja da GNR esclareceu que a fiscalização neste bairro “é idêntica” à que é feita pela Guarda “a qualquer cidadão” infetado.
Contudo, na terça-feira, quando foi revelada a existência de um surto de covid-19 nesta zona da vila, com 17 infetados, a Câmara de Castro Verde informou que se encontravam militares da GNR “em permanência” no local.
Na altura, fonte do Serviço Municipal de Proteção Civil de Castro Verde disse à Lusa que tinha sido estabelecido “um plano para assegurar a fiscalização do rigoroso confinamento daquela comunidade”, pela câmara e em articulação com a GNR.
“Não existe qualquer cerca sanitária decretada pela Autoridade de Saúde e, não existindo, não vamos estar permanentemente, ao contrário do que afirmou a câmara, a fiscalizar a entrada e saída daquela comunidade”, assinalou hoje à Lusa a fonte da GNR.
Segundo a Guarda, os militares estão a efetuar “a fiscalização como tem sido normalmente feita pela GNR a todas as situações de confinamento obrigatório decretadas pela Autoridade de Saúde”.
“Vamos continuar a fazer o nosso patrulhamento normal”, que consiste na “fiscalização aleatória e diária das pessoas que se encontram em confinamento obrigatório”, sublinhou.
As pessoas “são livres de circular e, cada uma, é responsável pelo dever geral de recolhimento que se encontra decretado, no âmbito do estado de emergência” em vigor no país, esclareceu.
A SOS Racismo acusou hoje a Câmara de Castro Verde de tomar “uma medida de segregação étnica, inédita no país”, contra a comunidade de etnia cigana local, exigindo que o Ministério Público e o Governo “analisem o sucedido”.
“Exigimos que as entidades competentes, nomeadamente o Ministério Público, Governo e a Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial, analisem o sucedido e apliquem a lei, denunciando e punindo qualquer medida de segregação étnica”, referiu a associação.
Contactado pela Lusa, o presidente do município, António José Brito, rejeitou comentar as acusações da SOS Racismo, remetendo explicações para um esclarecimento emitido hoje pela autarquia.
No comunicado, a câmara garantiu que “tem para com a comunidade de etnia cigana residente no concelho de Castro Verde o mesmo respeito e consideração que lhe merecem todos os cidadãos”.
O município explicou ainda que, “tendo sido registadas pela GNR diversas ocorrências de incumprimento do dever de confinamento obrigatório” por parte de “elementos de agregados familiares com casos de infeção”, foi acionado, “em articulação com a Proteção Civil e as forças de segurança”, um “plano de resposta, através do Gabinete de Ação Social”.
Esse plano procurou “disponibilizar os recursos necessários, numa lógica de maior proximidade, para proporcionar o bem-estar às famílias afetadas e minimizar os riscos de aumento das cadeias de transmissão do vírus”.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.159.155 mortos resultantes de mais de 100 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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