Escusando-se a comentar as declarações feitas na terça-feira pelo Presidente da República, nas quais Marcelo Rebelo de Sousa considerou que o Covid-19 pode transformar-se num “problema europeu”, o ministro dos Negócios Estrangeiros sublinhou que o coronavírus “já é um problema global” que só pode ser enfrentado com ações concertadas.
A Organização Mundial de Saúde “está a coordenar um esforço interno muito importante, quer de apoio aos países que mais têm sofrido com esta epidemia, a começar pela República Popular da China, quer na concertação das ações que tomamos para permitir o estancamento primeiro e depois a redução e eliminação” da epidemia, disse à saída de uma comissão parlamentar sobre assuntos europeus.
Augusto Santos Silva também sublinhou a cooperação entre países europeus, referindo as reuniões semanais para controlo feitas pelos Estados-membros da União Europeia desde hoje, e não descartou a eventual necessidade de encerrar fronteiras.
“Vivemos num espaço europeu em que uma das grandes riquezas é ser um mercado único e um espaço de livre circulação”, mas “evidentemente, esse espaço de livre circulação tem de ser compatível com medidas técnicas que sejam necessárias para evitar a transmissão de doença”, afirmou.
Lembrando que o controlo de fronteiras não é uma responsabilidade do seu ministério, Santos Silva adiantou que é preciso agir “com cautela” e adaptar “as medidas à evolução do conhecimento que vamos tendo, às sugestões que fazem as pessoas que têm capacidade técnica para lidar com estes fenómenos e também em função da coordenação com os parceiros europeus”
“O que faz sentido é que a decisão seja articulada”, reforçou, explicando a vontade expressa por alguns países de fechar fronteiras só seria incompatível com as regras europeias se fossem decisões unilaterais.
“Nós beneficiaremos se a nossa decisão for concertada e é nesse trabalho de concertação que estamos empenhados ao nível europeu”, concluiu.
O balanço provisório da epidemia do coronavírus Covid-19 é de pelo menos 2.763 mortos e cerca de 81 mil infetados, de acordo com dados reportados por mais de 40 países e territórios.
Além de 2.717 mortos na China, onde o surto começou no final do ano passado, há registo de vítimas mortais no Irão, Coreia do Sul, Itália, Japão, Filipinas, França e Taiwan.
A Organização Mundial de Saúde declarou o surto do Covid-19 como uma emergência de saúde pública de âmbito internacional e alertou para uma eventual pandemia, após um aumento repentino de casos em Itália, Coreia do Sul e Irão nos últimos dias.
Em Portugal, já houve 17 casos suspeitos, que resultaram negativos após análises.
O único caso conhecido de um português infetado pelo novo vírus é o de um tripulante de um navio de cruzeiros que foi internado num hospital da cidade japonesa de Okazaki, situada a cerca de 300 quilómetros a sudoeste de Tóquio.
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