“Quatro milhões [das vacinas que importarão os empresários] estão destinadas aos trabalhadores das empresas filiadas e um milhão será doado ao Governo venezuelano para incluir no plano nacional de vacinação”, anunciou o deputado Óscar Ronderos aos jornalistas.

O deputado, membro do parlamento eleito a 6 de dezembro, onde o chavismo detém a maioria, falava durante um encontro com o embaixador da Rússia na Venezuela, Sergei Melik-Bagdasarov.

O acordo, explicou, foi feito com a Federação de Câmaras de Comércio (Fedecâmaras) da Venezuela.

Entretanto a oposição venezuelana, aliada do líder opositor Juan Guaidó, anunciou que assinou um acordo com os EUA para que “sejam desbloqueados fundos recuperados da corrupção” para “iniciar os protocolos de transporte e distribuição efetiva” de vacinas contra a covid-19, através da covax, iniciativa da Organização Mundial de Saúde que pretende garantir uma distribuição equativa de vacinas.

Segundo a oposição, vão ser usados mais de 30 milhões de dólares (25,2 milhões de euros) em 12 milhões de doses de vacinas e na cadeia de refrigeração necessária.

Num comunicado divulgado em Caracas, a oposição explica que “a Venezuela necessita de soluções” e que assumiu a pandemia “como um tema prioritário”, comprometendo-se a tentar acelerar as gestões internacionais para que as vacinas cheguem rapidamente ao país.

Nas últimas semanas, aumentou o número oficial de novos casos da covid-19, situação que vários médicos atribuem à flexibilização do carnaval e ao relaxamento dos cuidados, alertando que o país está a entrar numa segunda onda.

Nas últimas 24 horas a Venezuela registou, oficialmente, 1.161 novos casos de coronavírus, 275 deles no Distrito Capital, seguindo-se os Estados de Anzoátegui (226), Miranda (191) e Vargas (121).

Registaram-se ainda novos casos em Falcón (68), Sucre (54), Yaracuy (47), Monágas (34), Carabobo (34), Zúlia (34), Cojedes (16), Bolívar (12), Arágua (10), Apure (7), Nova Esparta (6), Lara (6), Portuguesa (5), Guárico (3), Trujillo (2), Barinas (2), Mérida (1) e Amazonas (1).

Na Venezuela, estão oficialmente confirmados 150.306 casos da covid-19, desde o início da pandemia, em março de 2020. Há ainda 1.483 mortes associadas ao novo coronavírus e 140.239 pessoas recuperaram da doença.

O país está em estado de alerta desde 12 de fevereiro de 2020 e o Presidente, Nicolás Maduro, ordenou um “cerco sanitário” na cidade de Caracas e nos estados de Miranda, La Guaira e Bolívar, devido ao aumento de casos de pessoas infetadas com a variante brasileira do novo coronavírus.

Segundo a Associação Capital de Clínicas e Hospitais (ACCH), as áreas de hospitalização e isolamento e de terapia intensiva de 11 clínicas privadas da cidade de Caracas, estão a registar entre “95% e 100%” de ocupação de pacientes diagnosticados com a covid-19.

Em 6 de março, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e a sua mulher, Cília Flores, receberam a primeira dose da vacina russa Sputnik V contra o coronavírus SARS-CoV-2.

A Venezuela recebeu, em 2 de março, meio milhão de doses de vacinas da farmacêutica estatal chinesa Sinopharm contra a covid-19 e em 13 de fevereiro, recebeu as primeiras 100 mil doses da vacina russa Sputnik-V.

Segundo a Academia Nacional de Medicina da Venezuela, o país necessita de 30 milhões de vacinas para imunizar 15 milhões de pessoas, 3,5 milhões de maneira prioritária.