A construção da nova Unidade de Cuidados Intensivos de nível II (UCI II) está prevista começar na segunda-feira e deverá estar concluída a 10 de dezembro, avançou à agência Lusa o presidente do Conselho de Administração Hospital Professor Doutor Fernando da Fonseca [HFF].
Este investimento representa um aumento de 15 camas, face às atuais quatro existentes neste nível II e a equipa médica que a irá integrar resultará da reorganização da equipa do Serviço de Medicina Intensiva e da contratação de médicos intensivistas, enfermeiros e assistentes operacionais.
“É uma obra estruturante para o Hospital Professor Doutor Fernando da Fonseca e com um impacto transversal em toda a instituição e na qualidade dos cuidados que prestamos”, adiantou Marco Ferreira.
A obra estava prevista realizar-se em 2021 mas, também, devido à atual situação de epidemia foi antecipada e vai ser realizada num “período bastante curto”, disse, notando que o HFF é dos hospitais da região de Lisboa e Vale do Tejo com o maior número de doentes com covid-19 internados desde o início da pandemia.
“O objetivo é começar desde já a dar resposta ao aumento de necessidade que é previsível não só pelo inverno, como pela situação de pandemia por covid-19″, vincou.
Atualmente, o HFF tem uma média de 2,6 camas de cuidados intensivos de nível II por 100 mil habitantes e este projeto vai permitir aumentar este rácio para cinco camas por 100.000 habitantes, “que já é mais próximo da média nacional e permite prestar cuidados de maior qualidade aos utentes”, salientou Marco Ferreira.
Na sexta-feira, o hospital tinha três das 10 camas de nível III de cuidados intensivos ocupadas com doentes covid-19, sendo as vagas disponíveis geridas a nível central pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo.
“Quando são necessárias disponibilizar a outras instituições que estão sob maior pressão, nós também as apoiamos”, disse, explicando que esta capacidade também é complementar às camas que estão ocupadas por doentes com outras doenças.
“O HFF é dos hospitais da região de Lisboa e Vale do Tejo com o maior número de doentes covid-19 internados desde o início da pandemia”, sendo que a criação da UCI vai “aliviar a pressão sobre a Medicina Intensiva da instituição, estando previstos, a muito breve prazo, novos investimentos no reforço da resposta do hospital”, salientou.
A nova UCI irá melhorar de “forma significativa” os cuidados de saúde prestados, adequando-os ao doente crítico nos seus diferentes níveis de severidade, diminuindo o número de dias médio dos doentes internados na unidade de curta duração do Serviço de Urgência Geral, e otimizando a utilização das camas de cuidados intensivos.
Permitirá ainda reduzir a taxa de cancelamentos cirúrgicos associada à falta de camas de cuidados intensivos nas cirurgias de maior complexidade, nomeadamente as oncológicas.
A unidade, que será construída na área atualmente ocupada pela Unidade de Cirurgia Ambulatória, próxima do Serviço de Medicina Intensiva, urgência geral e bloco operatório, inclui um posto de enfermagem e de vigilância centralizado.
Amadora-Sintra é o hospital de Lisboa e Vale do Tejo com mais episódios de urgência
“Somos o hospital com o maior número de episódios de urgência e esta maior pressão [da pandemia de covid-19] torna mais difícil uma resposta atempada quando existem principalmente picos de procura”, adiantou o presidente do conselho de administração Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (HFF).
Segundo Marco Ferreira, “a atual situação gera constrangimentos diários no funcionamento e gestão do doente crítico, quer no apoio ao Serviço de Urgência, um dos maiores da zona Sul do país, em termos de número de episódios, quer no apoio à atividade cirúrgica programada ou urgente”.
Tem havido desde março, mês em que começou a pandemia de covid-19 em Portugal, um aumento progressivo do número de episódios de urgência, apesar de na média de todo o ano de 2020 ter havido uma quebra de 27% face ao período homólogo de 2019.
“A diminuição foi mais acentuada em março e abril e desde então temos tido um aumento progressivo que atualmente se cifra em 312 episódios na urgência geral por dia”, salientou.
Na madrugada da passada quinta-feira, houve “um pico de procura” no serviço de urgência e houve mais dificuldade em cumprir os tempos de resposta preconizados pela triagem de Manchester”, mas a situação já foi ultrapassada.
“O que acontece nestas situações é uma resposta em rede dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde”, com o desvio dos doentes que são transportados por ambulância do INEM para outros hospitais, permitindo “aliviar a pressão no nosso serviço de urgência”.
O hospital tem um número de camas de enfermaria por 1.000 habitantes que “é bastante baixo” para a média nacional (1,45 camas), porque serve uma população muito grande de 550 mil habitantes, bem como de camas de cuidados intensivos, que vai agora aumentar com a criação de uma nova unidade com 15 camas que deverá abrir em dezembro.
“Temos menos capacidade de responder a picos de procura porque estamos habitualmente muito sobrecarregados e eu diria que esse é provavelmente o principal obstáculo que existe neste momento a prestarmos ainda melhores cuidados de saúde à nossa população”, adiantou.
Para Marco Ferreira, a construção do hospital de proximidade de Sintra vai constituir “um passo importante” na resposta aos cuidados de saúde da população, nomeadamente a nível dos serviços de urgência.
Por outro lado, em novembro deverá entrar em funcionamento a expansão do serviço de urgência do HFF, um investimento de cerca de um milhão de euros que já está em andamento e conta com o apoio das autarquias da Amadora e de Sintra.
Trata-se de um edifício adjacente ao atual serviço de urgência geral com cerca de 750 metros quadrados que vai permitir melhorar a resposta aos doentes respiratórios, aos doentes com covid-19 ou com suspeita da doença, assim como melhorar a área disponível para profissionais e utentes.
Questionado sobre se já há consultas e cirurgias programadas a serem desmarcadas devido ao aumento de casos de covid-19, Marco Ferreira afirmou: “na atual fase do plano de contingência o impacto ainda é ligeiro.
Se for ativada a fase três do plano de contingência do hospital devido ao aumento do número de doentes internados será necessário “converter camas cirúrgicas em camas médicas”, realocar recursos humanos no serviço de cuidados intensivos e nas enfermarias e “o impacto na atividade programada vai ser maior”.
Neste momento, sublinhou, “as equipas estão num esforço acrescido e há que reconhecer sem dúvida a dedicação de todos os profissionais do hospital” nos vários serviços.
“Temos estado em articulação com a tutela para reforçar as nossas equipas, tanto a nível de médicos, de enfermeiros como de assistentes operacionais e de outros profissionais que são todos muito importantes para a prestação de cuidados”, rematou.
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