Em declarações aos jornalistas à saída da reunião com especialistas em saúde pública, no Infarmed (em Lisboa), ainda antes de esta terminar, o deputado único da IL João Cotrim Figueiredo reiterou que o partido manterá o voto contra uma eventual renovação do estado de emergência, por considerar que este tem sido entendido em Portugal como “uma espécie de cheque em branco para tomar decisões que não são de bom senso”.
“Este último é paradigmático: dois ou três dias antes, o primeiro-ministro declarava que estava fora de cogitação fazer recolher obrigatório. Um dia depois do decreto presidencial, tivemos recolher obrigatório”, lamentou.
Cotrim Figueiredo assegurou que o partido até seria favorável a um quadro legal como o estado de emergência, desde que este servisse para tomar medidas “com o equilíbrio necessário para que não sejam mais gravosos os impactos na economia do que a eficácia que têm na pandemia”.
O presidente da IL questionou porque é que o Governo, além de ouvir especialistas em saúde pública, não recorre também a quem possa calcular o impacto na economia de medidas como o encerramento da restauração e comércio entre as 13:00 e as 05:00 aos fins de semana.
“Senão corremos o risco de estar a morrer da cura em vez de morrer da doença”, alertou.
Sobre a reunião de hoje, o deputado considerou que “a situação “é preocupante” e existe “um risco sério de pressão no sistema de saúde”, com o pico de casos a poder ser atingido entre final de novembro e início de dezembro.
Cotrim Figueiredo chamou ainda a atenção para um estudo que foi divulgado na reunião e que parece apontar que o risco de contaminação na restauração é “menos elevado” do que se temia, e defendeu mais clareza sobre que entidades podem recorrer aos testes rápidos para que esta informação também seja contabilizado no sistema.
As reuniões sobre a evolução da pandemia da covid-19 em Portugal, que juntam políticos, especialistas e parceiros sociais, foram hoje retomadas, no Infarmed, em Lisboa.
A última destas reuniões realizou-se na Faculdade de Medicina da Universidade Porto, no dia 07 de setembro, após terem estado interrompidas cerca de dois meses.
Portugal contabiliza pelo menos 3.632 mortos associados à covid-19 em 236.015 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).
O país está em estado de emergência desde 09 de novembro e até 23 de novembro, período durante o qual há recolher obrigatório nos concelhos de risco de contágio mais elevado e municípios vizinhos. A medida abrange 191 concelhos.
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