António Lacerda Sales falava aos jornalistas depois de visitar o Espaço de Retaguarda para Utentes Covid-19 montado no Seminário do Bom Pastor, em Ermesinde.
De acordo com o secretário de Estado da Saúde, neste momento a taxa de ocupação de doentes Covid-19 nas enfermarias encontra-se entre os 75 e os 80%, sendo que nas Unidades de Cuidados Intensivos o número está entre os 70 e os 80%.
Apesar da pressão causada pelo crescimento do número de internamentos, Lacerda Sales voltou a dar garantias de que o SNS mantém a sua capacidade de resposta. "Temos expansibilidade. Nenhum hospital, nem de Coimbra nem de Lisboa, não aceitará um doente seja donde ele venha", disse, recordando o despacho assinado que permite a transferência de doentes entre unidades de saúde de forma interregional.
Um dos casos citados pelo secretário de Estado da Saúde é o do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, já que o hospital de Penafiel já foi forçado a fazer várias transferências e, segundo a Ordem dos Enfermeiros, corre de novo o risco de entrar em rutura. Lacerda Sales falou de uma "grande aprendizagem", porque foi necessário "transferir muitos doentes para diversas instituições, até do setor privado e social, outras do SNS”, algo que será feito “com outros hospitais se houver essa necessidade”.
“Todo o sistema está a funcionar integradamente”, reforçou o governante, falando também no exemplo das estruturas de retaguarda como a hoje visitada, já que são "muito necessárias para descomprimir os hospitais, porque são doentes que já não precisam de camas agudas hospitalares mas continuam a ter necessidades”.
"A garantia que podemos dar é que nunca parámos de nos preparar. Tal como o vírus não tirou férias, também não tirámos. Por isso é que fizemos um plano de preparação outono-inverno que contemplava estas estruturas de retaguarda que hoje vimos visitar que nos estamos a continuar a preparar ao nível das instituições hospitalares, da capacidade de testagem e de ventilação. É a garantia que podemos dar aos portugueses", disse Lacerda Sales.
Quanto à possibilidade hoje sugerida por um especialista de que a região Norte já terá atingido um pico de casos e que as novas infeções possam agora começar a abrandar, o secretário de Estado da Saúde rejeitou previsões. "O que é certo é que estaremos preparados para o pico, estamos a preparar os nossos serviços hospitalares, os nossos ACES, as nossas estruturas de retaguarda, e estas visitas são precisamente para nos continuarmos a preparar e mantermos esta preparação para quando for necessária uma resposta", reforçou.
O governante respondeu ainda a questões dos jornalistas quanto ao atual surto de legionella a afetar a faixa litoral de Vila do Conde, Matosinhos e Póvoa do Varzim, tendo já provocado pelo menos seis mortos. "Estamos a recolher análises de água das torres de refrigeração de diferentes espaços e das águas de consumo, assim como das secreções de doentes, para verificarmos se as estirpes de legionella são as mesmas", informou Lacerda Sales, adiantado que as causas podem não vir apenas de fábricas.
Lacerda Sales, porém, evitou pronunciar-se quanto à capacidade de preparação do SNS depois do surto de legionella que afetou Vila Franca de Xira em 2014, não dando prazo para a conclusão do atual inquérito e confirmando apenas que as colheitas estão a ser enviadas para o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.
"Estamos a ter cuidados como depois da colheita fazermos os choques térmicos e químicos que são necessários e tratamento de águas”, disse o governante que, perante a insistência dos jornalistas, garantiu que o processo será acelerado.
“Neste momento estamos a trabalhar. Não me consigo comprometer com o tempo. Teremos de acelerar. O INSA está atento a isso. A população tem de estar sempre alerta”, referiu.
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