“Estima-se que a linhagem BA.2 já seja dominante em Portugal, representando 58,2% das amostras positivas ao dia 28 de fevereiro”, avança o relatório do INSA sobre a diversidade genética do coronavírus que provoca a doença covid-19.
Segundo o documento, esta linhagem, que partilha várias características genéticas com a BA.1, foi detetada pela primeira vez em Portugal em amostragens aleatórias por sequenciação na semana entre 27 de dezembro e 02 de janeiro.
A variante Ómicron, classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como de preocupação, engloba várias linhagens identificadas pelo prefixo `BA´, entre as quais a BA.1 e a BA.2, que descendem da mesma linhagem ancestral (B.1.1.529) e apresentam um “excesso” de mutações na proteína `spike´, muitas das quais partilhadas.
De acordo com o INSA, a frequência da linhagem BA.2 “tem aumentado paulatinamente” desde que foi identificada em Portugal, uma circulação que se tem verificado em todas as regiões do país.
Quanto à BA.1, identificada pela primeira vez em novembro, a sua frequência relativa atingiu o máximo de 95,6% na semana entre 10 e 16 de janeiro e, desde então, tem registado uma tendência decrescente, estando agora com uma prevalência estimada de 41,8% das infeções.
Na sexta-feira, a diretora-geral da Saúde afirmou que ainda existe pouca informação no mundo sobre o impacto da linhagem BA.2 ao nível da transmissão e da doença grave, sendo necessário aguardar por mais estudos ao nível biológico, clínico e epidemiológico.
“Aparentemente será ainda um bocadinho mais transmissível e aparentemente poderá ser ligeiramente mais agressiva, mas ainda não há dados suficientes que nos permitem caracterizar, não só a sintomatologia, como impacto da infeção na doença grave”, referiu Graça Freitas.
A OMS avançou que “estudos preliminares sugerem que a BA.2 parece ser mais transmissível do que a BA.1”, mas a organização salienta que os dados do mundo real sobre a gravidade clínica na África do Sul, Reino Unido e Dinamarca, onde a imunidade da vacinação e de infeção natural é alta, indicam que “não houve diferença relatada na gravidade entre BA.2 e BA.1”.
Recentemente, o virologista Pedro Simas disse à Lusa que a “BA.2 é mais eficiente a transmitir-se na comunidade do que a antecedente”, mas considerou que esta linhagem resulta da “evolução normal dos coronavírus, com pequenas mudanças que os tornam mais competitivos”.
“O que vai acontecer é que a BA.2 vai preencher o nicho da BA.1, que era dominante em Portugal”, mas sem provocar, em princípio, uma grande vaga de infeções, estimou o especialista.
No âmbito da monitorização contínua da diversidade genética do SARS-CoV-2 que o INSA está a desenvolver, têm sido analisadas uma média de 523 sequências por semana desde o início de junho de 2021, provenientes de amostras colhidas aleatoriamente em laboratórios distribuídos pelos 18 distritos de Portugal continental e pelas regiões autónomas dos Açores e da Madeira, abrangendo uma média de 136 concelhos por semana.
A covid-19 provocou pelo menos 5.952.685 mortos em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 21.086 pessoas e foram contabilizados 3.273.624 casos de infeção, segundo a última atualização da Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.
A variante Ómicron, que se dissemina e sofre mutações rapidamente, tornou-se dominante no mundo desde que foi detetada pela primeira vez, em novembro, na África do Sul.
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