A informação surge depois de o PCP de Ovar ter anunciado que ia contestar junto do Governo o fecho dessa unidade do distrito de Aveiro e de o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Baixo Vouga ter explicado à Lusa que a medida é apenas de caráter "temporário".
"Encerrámos esta semana a atividade presencial na USF de São João de Ovar porque voltámos a ter aí um profissional positivo, mas a unidade continua a funcionar com trabalho não-presencial até terminar o período de isolamento profilático desses profissionais", afirma o diretor do referido ACES, Pedro Almeida.
Dado que na unidade há enfermeiros que "não tiveram contacto com o caso positivo de covid-19", esses técnicos "estão a desempenhar atividade presencial ao domicílio, acompanhando os casos clínicos mais importantes para não se interromperem terapêuticas" decisivas para os utentes.
Quanto a situações agudas, "estão a ser acompanhadas presencialmente pelas outras unidades de Ovar", mas a sobrecarga dessas estruturas deverá prolongar-se apenas mais alguns dias, já que, ainda segundo Pedro Almeida, a USF de São João deverá reabrir com funcionamento normal já na quinta-feira.
Até lá, contudo, o fecho dessa unidade faz subir para quatro as estruturas de cuidados primários atualmente indisponíveis para atendimento ao público no concelho de Ovar.
Isso acontece porque, desde o pico da primeira fase da pandemia nesse território de 55.400 habitantes, continuam encerrados o polo da USF Laços na freguesia de Arada, o polo da USF João Semana na zona do Furadouro, na freguesia de Ovar, e o polo da USF Alpha na de São Vicente Pereira.
Quando o fecho dessas três unidades foi decidido, a Administração Regional de Saúde do Centro justificou com o argumento de que os respetivos edifícios não apresentavam condições físicas para cumprir os planos de contingência definidos e garantir a segurança de utentes e profissionais.
Pedro Almeida anuncia agora que as mudanças estão em curso: "As unidades encerradas estão a entrar em obras para correção dessas deficiências e irão reabrir depois de concluídas as intervenções".
O PCP de Ovar defende, ainda assim, que os encerramentos em causa estão a "privar as populações do acesso a cuidados de saúde primários", uma vez que no município "não existe uma rede de transportes públicos capaz de dar resposta às necessidades" dos utentes que não se podem deslocar em meios próprios.
Acrescenta que já remeteu o assunto aos deputados do partido na Assembleia da República, que, "por sua vez, solicitarão ao Governo, através do Ministério da Saúde, os esclarecimentos necessários".
"Para assegurar o combate à covid-19, recuperar atrasos e garantir o acesso de todos os portugueses aos cuidados de saúde, é preciso dotar o Serviço Nacional de Saúde, os hospitais e os centros de saúde dos meios necessários para recuperar as consultas, cirurgias, tratamentos e exames em atraso. Isso faz-se com a contratação de médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes técnicos e assistentes operacionais", alerta ainda o PCP.
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