Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas no final de mais uma reunião técnica sobre a evolução da covid-19 em Portugal, no Infarmed, em Lisboa.

"A primeira conclusão, provisória embora, que decorreu daquilo que ouvimos, foi a de que não há sinais de que as duas primeiras fases de desconfinamento tenham provocado em termos do país um agravamento da expressão do surto epidémico. Não há, não há esses sinais. A haver sinais é no sentido de uma estabilização da descida, lenta", declarou.

O chefe de Estado realçou que, "como foi dito logo no início, aquilo que foi feito para achatar a curva prolongava o surto no tempo", mas "prolongava-o fazendo-o descer".

Quanto ao aumento dos casos na região de Lisboa e Vale do Tejo, segundo Presidente da República, nesta reunião "houve uma análise muito cuidadosa daquilo se passa" e considerou-se que parece haver "uma subida retardada no tempo em relação a outras regiões".

Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou, por outro lado, que "há uma perceção quer dizer, uma compreensão pela opinião pública, de um agravamento na região de Lisboa e Vale do Tejo que é superior ao agravamento efetivo".

"Há aqui uma perceção que até é injusta para outras regiões, porque, quando temos a lista dos municípios com maior incidência de surto, nos primeiros dez não está nenhum município da região de Lisboa e Vale do Tejo", assinalou, observando: "Já esquecemos o que houve no Norte e no Centro de forma muito, muito acentuada, em fases anteriores".

Casos na região de Lisboa ligados à construção civil e trabalho temporário

O Presidente da República afirmou hoje que o aumento da covid-19 na região de Lisboa e Vale do Tejo teve "incidência particularmente forte" na construção civil e trabalho temporário.

"Se houver a preocupação das empresas de testarem o maior número de trabalhadores nessas duas áreas, então isso talvez explique - vale a pena investigar - o que aconteceu nas últimas duas semanas em Lisboa e Vale do Tejo, porque aconteceu com uma incidência particularmente forte no trabalho temporário e na construção civil", acrescentou.

Segundo o Presidente da República, estas e outras "pistas de reflexão" irão "ser aprofundadas" e novamente abordadas na próxima reunião no Infarmed, marcada para 24 de junho, na qual se analisará "a evolução global nacional" dos casos covid-19 e "a evolução na região de Lisboa e Vale do Tejo" em particular.

No plano nacional, há "aspetos positivos"

Em termos globais no plano nacional, o Presidente da República destacou como "aspetos positivos" da evolução da covid-19 em Portugal as tendências de diminuição do número de internados, de internados em cuidados intensivos e, "dentro, naturalmente, da relatividade das coisas", do número de mortes.

"É positiva a evolução sentida na larguíssima maioria das áreas territoriais do país: as regiões autónomas, o Alentejo, o Algarve, a zona Norte e a zona Centro. E, mais do que isso, as projeções aqui apresentadas quanto à pressão no Serviço Nacional de Saúde são projeções também positivas", prosseguiu.

Depois, o chefe de Estado comparou a situação de Portugal com "outras experiências europeias de desconfinamento", mencionando que todos têm um índice de contágios por cada infetado "à volta de um".

"Há países mesmo em que está bem acima do valor português, como a Suécia, bem acima de um", salientou.

A pandemia de covid-19, doença provocada por um novo coronavírus detetado em dezembro do ano passado no centro da China, atingiu 196 países e territórios.

Em Portugal, os primeiros casos foram confirmados no dia 02 de março e já morreram 1.485 pessoas num total de 34.885 contabilizadas como infetadas, de acordo com a Direção-Geral da Saúde (DGS).

[Notícia atualizada às 16h02]