“Apesar de haver alguns profissionais que vão ficar libertos do constante contacto com os isolados, porque ficam menos tempo em isolamento, a realidade é que há tantas pessoas para contactar que não é essa redução de três dias que vai trazer uma mudança para a saúde pública”, adiantou à Lusa o vice-presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública (ANMSP).
A Direção-Geral da Saúde (DGS) decidiu hoje encurtar de 10 para sete dias o período de isolamento das pessoas infetadas com covid-19 assintomáticas e dos contactos de alto risco, considerando que esta decisão está alinhada com orientações de outros países e resulta de uma “reflexão técnica e ponderada, face ao período de incubação da variante agora predominante, a Ómicron".
Segundo Gustavo Tato Borges, face ao atual agravamento da situação epidemiológica, com um crescimento substancial do número de casos nas últimas semanas, “o que era preciso era um reforço de profissionais que estivessem disponíveis para fazer os contactos”.
Em alternativa a este reforço, o vice-presidente da AMSP defendeu a alteração do método de vigilância epidemiológica, através da integração nas equipas de outros profissionais por exemplo da área social, ficando os técnicos qualificados da saúde para acompanhar os casos positivos e para os primeiros contactos com as pessoas de alto risco.
De acordo com os dados de hoje da DGS, Portugal tem mais de 158 mil casos ativos de covid-19 e quase 160 mil pessoas consideradas como contactos em vigilância pelos serviços de saúde.
O último relatório das “linhas vermelhas” da pandemia, divulgado em 24 de dezembro, indicava que, nos sete dias anteriores, estiveram envolvidos no processo de rastreamento, em média, 490 profissionais a tempo inteiro, por dia, no continente.
Em declarações à Lusa, Gustavo Tato Borges considerou ainda que a decisão da DGS de reduzir o isolamento de 10 para sete dias foi “relativamente prudente”, em comparação, por exemplo, com a diminuição desse período para cinco dias adotada na Madeira ou nos Estados Unidos.
“Estamos aqui a jogar um jogo de probabilidades e tentar equilibrar a proteção da saúde com a normalização o máximo possível da nossa vida. Neste jogo correm-se alguns riscos e a DGS correu um risco em reduzir o isolamento, mas um risco que, apesar de tudo, é prudente e não foi exagerado no corte do isolamento”, disse o médico.
A covid-19 provocou mais de 5,42 milhões de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 18.937 pessoas e foram contabilizados 1.358.817 casos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.
Uma nova variante, a Ómicron, considerada preocupante e muito contagiosa pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, a 24 de novembro, foram notificadas infeções em pelo menos 110 países, sendo dominante em Portugal.
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