“Hoje é um dia da vitória da ciência contra o obscurantismo, da perseverança contra as hesitações, da solidariedade, porque foi graças a isso que nós conseguimos ultrapassar esta pandemia”, afirmou Manuel Pizarro, na Maia, distrito do Porto, à margem da assinatura da passagem de competências do Estado para aquela autarquia na área da Saúde.

O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou hoje o fim da emergência de saúde pública para a covid-19 a nível global, aceitando a recomendação do comité de emergência, um órgão que reúne peritos de várias áreas e que se reuniu na quinta-feira pela 15.ª vez para avaliar a situação da pandemia.

Questionado sobre os efeitos da pandemia do SNS, o titular da pasta da Saúde salientou que houve factos positivos: “Temos hoje um Serviço Nacional de Saúde que é mais potente do que tínhamos anteriormente. Tínhamos menos de 600 camas de cuidados intensivos, temos hoje cerca do dobro dessa capacidade e também é graças a isso que estamos a fazer muito mais cirurgias”, disse.

No entanto, Manuel Pizarro não deixou de apontar as consequências de três anos de pandemia, nomeadamente nos recursos humanos.

“Não posso ignorar os efeitos negativos, o facto desde logo de os profissionais de saúde estarem fatigados porque foram momentos muito difíceis, turnos sem fim, folgas interrompidas, férias recusadas”, descreveu.

Ainda assim, Pizzaro deixou garantias: “Esta pandemia é uma entidade clínica recente, tem de continuar a ser acompanhar e vamos continuar a tomar as medidas que forem adequadas a cada momento. Desse ponto de vista, o que eu posso garantir aos portugueses é que nós estamos preparados”, disse.

Num comunicado já hoje divulgado, Pizarro considera que o anúncio da OMS se reveste de “elevado simbolismo”, mas lembrou que “é essencial agora preservar as lições aprendidas”.

“É essencial agora preservar as lições aprendidas, o conhecimento e o espírito de colaboração adquiridos durante este período tão desafiante”, diz o ministro, citado na mesma nota.

“Estes ensinamentos são essenciais para continuar o trabalho de fortalecimento do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e da saúde pública, cumprindo a missão de proteger e promover a saúde das pessoas”, acrescenta.

No comunicado, Pizarro endereça uma mensagem aos portugueses, na qual considera que demonstraram uma enorme capacidade de adaptação, acolheram as orientações sanitárias e aderiram fortemente à vacinação.

Elogia igualmente os trabalhadores dos setores essenciais que se “mantiveram ao serviço”, e deixa também uma palavra de apreço às autarquias e às instituições sociais, que também “disseram presente”.

“Importa evocar os milhares de profissionais de saúde que, num período tão exigente, assumiram um compromisso com a saúde dos portugueses”, recorda ainda.

O Ministério da Saúde “agradece a cada um dos profissionais e equipas que, nas diversas áreas, prestaram um serviço público irrepreensível, com sacrifício pessoal, durante as diferentes fases da pandemia da covid-19” e deixa igualmente “uma palavra sentida aos que sofreram e aos que perderam entes queridos em tempos de pandemia”.

Segundo os dados mais recentes da OMS, a pandemia já provocou mais de 765 milhões de casos confirmados de infeção e mais de 6,9 milhões de mortos a nível mundial reportados oficialmente, mas o diretor-geral admitiu hoje que o número real de óbitos possa ser de "pelo menos 20 milhões".

Segundo os últimos dados da Direção-Geral da Saúde, desde 01 de março de 2020, quando foram notificados os primeiros casos, até quarta-feira, Portugal registou mais de 5.582.987 caso de infeção pelo vírus SARS-CoV-2 e 26.616 mortes associadas à covid-19.