Segundo o recém-criado sindicato dos enfermeiros, os “Equipamentos de Proteção Individual (EPI) estão a ser distribuídos de forma racionada e em escassa quantidade na maioria das unidades de saúde” e os ‘kits’ que estão a ser distribuídos “são semelhantes aos que foram usados para a gripe A, mas são poucos os que chegam completos, com farda, luvas de cano alto, proteção de pés até aos joelhos, máscara P2 e óculos”.

Citada no comunicado enviado à Lusa, a presidente do SITEU, Gorete Pimentel, considerou a situação “inadmissível, até porque há várias semanas que a Organização Mundial de Saúde [OMS] alerta para os riscos do Covid-19”, destacando que “não só a quantidade de equipamentos de proteção individual é insuficiente, como muitos equipamentos não estão completos”.

“Há centros de saúde onde não há máscaras P2 e óculos de proteção, não há batas impermeáveis, as luvas são as correntes, não são de cano alto. Há casos em que os equipamentos estão esgotados e não são repostos e outros em que os equipamentos são controlados pelas administrações”, acrescentou.

Contactada pela Lusa, fonte da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte informou que “o grupo de trabalho designado para o combate ao Covid-19 vai reunir mais uma vez na próxima sexta-feira com todos os agrupamentos para debater todos os aspetos, percebendo se há ou não escassez” de equipamentos.

“Temos concursos a decorrer para aquisição de equipamento de proteção individual. Estamos a trabalhar para que o ‘stock’ seja o ideal para responder em caso de necessidade”, acrescentou.

Sem se comprometer com datas para a distribuição, a fonte frisou que a “informação que a ARS-Norte dispõe é de que existe material nas unidades” e disse estarem a “aguardar que os concursos cheguem ao fim e seja entregue o material respetivo”.

“Não sabemos quando vai chegar, mas estamos a trabalhar de forma a responder às necessidades de intervenção na primeira linha”, disse.

Gorete Pimentel recorda que “a Direção Geral de Saúde recomenda máscaras P2 e também proteção ocular, já que não existem máscaras P2 com viseira. As que têm viseira são cirúrgicas, sendo estas aconselhadas para os doentes. As batas têm de ser impermeáveis, com proteção dos pés e até ao joelho, touca e luvas com cano alto”.

Na base das denúncias do SITEU estão “situações reportadas” pelos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACEs) de Famalicão, Barcelos, Alto Ave, Sub-região de Saúde Vale de Cambra, ACEs Porto Ocidental e Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, refere o comunicado.

Em Famalicão, numa unidade de saúde para “7.300 utentes, têm disponíveis três ‘kits’ de EPI para 16 profissionais de saúde”, enquanto que em Barcelos “não há máscaras com viseira, não há óculos de proteção, as batas não são impermeáveis”, exemplifica o sindicato.

No comunicado, o SITEU acrescenta que no do Alto Ave “faltam máscaras P2 há dois meses” e os ‘kits’ de EPI “foram fornecidos a metade das salas de isolamento do ACEs”.

“Na Sub-região de Saúde Vale de Cambra, cada unidade tem três ‘kits’, um para o médico, um para o auxiliar que for limpar a unidade e um suplente”, enquanto no ACEs Porto Ocidental “não há óculos, máscaras com viseira, não há máscaras FP3 e o material está controlado e é escasso”.

No Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, “as máscaras de partículas estão guardadas e só são disponibilizadas pela chefia, mas com justificação ou em caso de catástrofe”, indica, acrescentando que, “como em outras unidades de saúde, não há batas impermeáveis, não há máscaras com viseira ou óculos de proteção”.

O surto de Covid-19, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou mais de 3.200 mortos e infetou mais de 93 mil pessoas em 78 países, incluindo seis em Portugal.

Além dos 3.012 mortos na China Continental, há registo de vítimas mortais no Irão, Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Hong Kong, Taiwan, Austrália, Tailândia, Estados Unidos e Filipinas.

A OMS declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional e aumentou o risco para "muito elevado".