“Um dos maiores desafios que enfrentamos é o facto de demasiados países afetados não estarem a partilhar os seus dados com a OMS”, sublinhou o diretor etíope durante o encontro semanal com missões diplomáticas em Genebra sobre a atual situação relativamente ao coronavírus.
Tedros Ghebreyesus, que não citou nenhum país em concreto, afirmou que a OMS está em contacto com vários ministérios da saúde para resolver a situação e “apela a todos os países para partilharem informação imediatamente” com o organismo.
“Não podemos fornecer recomendações sanitárias adequadas sem dados detalhados” ou listas de dados completos dos pacientes afetados, acrescentou durante a sua intervenção.
O responsável máximo da OMS frisou que o aumento de casos fora da China, com incrementos repentinos “profundamente preocupantes” em Itália, no Irão e na Coreia do Sul, motivou que meios de comunicação e políticos estejam a pressionar para declarar o Covid-19 uma pandemia. “Algo que não deveríamos ter tanta vontade de fazer”, disse.
“Usar o termo pandemia não tem resultados tangíveis e em troca corre-se o risco de aumentar o medo e a estigmatização ou de criar paralisia no sistema”, assegurou.
Para o responsável da OMS, a atual epidemia é “uma luta” em que é possível ganhar se for feito o correto.
Apesar de a OMS já ter esclarecido que não haverá uma declaração oficial de pandemia, desde 30 de janeiro entrou em vigor uma emergência internacional devido ao coronavírus.
“Não deveríamos usar essa palavra sem (no futuro) ser uma descrição adequada da situação”, disse.
Tedros Ghebreyesus referiu, porém, que “todos os países, com casos confirmados ou sem eles”, devem preparar-se para “uma potencial pandemia”, adequando os seus sistemas de saúde para detetarem rapidamente casos, isolarem pacientes e tomarem medidas para evitar surtos em centros de saúde e entre a população, em geral.
O vírus parece ter alcançado a sua maior fase de transmissão na China, onde o número de casos e mortes está em progressiva descida, mas isto não deve ser motivo de relaxamento. Deve, antes, manter-se a “vigilância contínua”, reiterou o diretor geral.
Tedros recordou, neste sentido, que na terça-feira o número de novos contágios diários fora da China superou pela primeira vez os diagnosticados no país.
A gripe sazonal, por seu lado, causa 60.000 mortes por ano na Europa e os cidadãos europeus não devem opor-se à vacina, sublinhou hoje, em Roma, um responsável da OMS para a Europa.
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