Num comunicado hoje divulgado, no qual apresenta o “plano de contingência perante o Covid-19", a organização da ModaLisboa refere que “o evento poderá ser realizado à porta fechada no caso de a situação se agravar, com emissão em ‘livestream’ [direto ‘online’] dos desfiles”.
“Esta decisão será tomada em última instância e em caso de necessidade ou indicação das autoridades locais e nacionais de saúde”, sublinha a organização.
O comunicado da organização da ModaLisboa foi enviado ao final da tarde de hoje, após a confirmação dos dois primeiros casos em Portugal de infeção pela epidemia de Covid-19 provocada por um novo coronavírus.
A 54.ª edição da ModaLisboa decorre nos Paços do Concelho e na zona do Campo de Santa Clara, no Mercado de Santa Clara e nas antigas Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento, e “será implementado um conjunto de medidas pré e durante o evento enquanto ‘Plano de Contingência perante o Covid-19’, por forma a assegurar as melhores condições de segurança e saúde, tanto para trabalhadores como para visitantes”.
A lista de medidas inclui “a monitorização dos diferentes públicos-alvo, nomeadamente convidados e equipas internacionais, que tenham como país de origem áreas com transmissão comunitária ativa nos últimos 14 dias” e a “implementação de medidas de rastreio junto dos colaboradores e todos os parceiros em atividade no evento”.
Contempla, também, o “reforço de medidas de desinfeção em todos os locais do recinto e disponibilização de dispensadores de gel desinfetante”, e o “reforço de sinalética e divulgação de informação sobre cuidados e medidas a tomar em caso de sintomas”.
Além disso, será instalado um “ponto de informação e posto médico no recinto, com presença de enfermeiros e socorristas para rastreio e avaliação de sintomas, com o apoio do Exército Português”, e está prevista a “preparação de sala de isolamento, devidamente equipada, em caso de necessidade”.
Na semana passada, o desfile da coleção da portuguesa Alexandra Moura na Semana de Moda de Milão, em Itália, realizou-se à porta fechada, sem a presença de compradores e imprensa.
A decisão integrou-se no âmbito das medidas para contenção do surto de Covid-19, tomadas pelo Governo Italiano, que levaram também Giorgio Armani e Laura Biagiotti a restringir o acesso aos desfiles, optando pela apresentação de portas fechadas, com transmissão pelas redes sociais.
O surto de Covid-19, detetado em dezembro, na China, e que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou mais de 3.000 mortos e infetou quase 90 mil pessoas em 67 países, incluindo duas em Portugal.
Das pessoas infetadas, cerca de 45 mil recuperaram.
Além de 2.912 mortos na China, há registo de vítimas mortais no Irão, Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Hong Kong, Taiwan, Austrália, Tailândia, Estados Unidos da América e Filipinas.
Um português tripulante de um navio de cruzeiros está hospitalizado no Japão com confirmação de infeção.
A Organização Mundial de Saúde declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional e aumentou o risco para “muito elevado”.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde confirmou os dois primeiros casos de infeção em Portugal, um homem de 60 anos e outro de 33, internados em hospitais do Porto.
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