Jorge Ascensão, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), disse que a reunião prevista para a manhã de quarta-feira com o Ministério da Educação será uma de trabalho na qual os pais pretendem alertar o executivo para algumas preocupações relativas às medidas em vigor no combate à pandemia de Covid- 19, nomeadamente os direitos no acompanhamento aos filhos.
Os apoios previstos preveem a manutenção de remuneração a quem está em teletrabalho e o pagamento de 66% do ordenado base aos pais que não possam continuar a trabalhar e que tenham de ficar em casa a tomar conta dos filhos com idades até aos 12 anos.
Este apoio é suspenso na interrupção letiva da Páscoa, ou seja, de 30 de março a 13 de abril, o que está a deixar os pais preocupados, sobretudo aqueles que não têm com quem deixar os filhos.
“Há de facto pessoas preocupadas, porque as entidades patronais estão a avisar que nas férias não têm de justificar as faltas. Obrigarão naturalmente a que as pessoas metam 15 dias de férias”, disse à Lusa Jorge Ascensão que pede que, “pelo menos, a falta possa ser justificada”.
O presidente da Confap vai ainda sugerir à tutela que se não puderem ser pagos os 66% do vencimento, que seja possível pagar de acordo com uma baixa, 55% do ordenado, para garantir que não há interrupção de rendimento na totalidade durante estes 15 dias.
Os pais estão também preocupados com o calendário de exames, mas admitem que é muito cedo para ter respostas e saber o que vai acontecer nesta matéria.
“Não me parece neste momento que possa haver uma resposta. Imaginemos que ficamos até junho em isolamento: os exames só podem ser feitos em agosto. Há aqui várias possibilidades, nós vamos tentar perceber isto. Também tentar perceber o que está a ser feito ao nível das escolas”, disse.
Entre as outras questões que a Confap leva à reunião de quarta-feira estão também perceber que trabalho está a ser efetivamente feito nas escolas para garantir a ação social ao nível das refeições, como estão organizadas para acolher os filhos dos profissionais de saúde e de segurança e como estão a garantir a segurança destas crianças, e também que soluções existem para as famílias monoparentais cujos encarregados de educação não têm possibilidade de ficar em casa com os filhos nem com quem os deixar.
O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou mais de 180 mil pessoas, das quais mais de 7.000 morreram. Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 75 mil recuperaram da doença.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje número de casos confirmados de infeção para 448, mais 117 do que na segunda-feira, dia em que se registou a primeira morte no país.
Dos casos confirmados, 242 estão a recuperar em casa e 206 estão internados, 17 dos quais em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI).
O boletim divulgado pela DGS assinala 4.030 casos suspeitos até hoje, dos quais 323 aguardavam resultado laboratorial. Das pessoas infetadas em Portugal, três recuperaram.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocou uma reunião do Conselho de Estado para quarta-feira, para discutir a eventual decisão de decretar o estado de emergência.
Portugal está em estado de alerta desde sexta-feira, e o Governo colocou os meios de proteção civil e as forças e serviços de segurança em prontidão.
Entre as medidas para conter a pandemia, o Governo suspendeu as atividades letivas presenciais em todas as escolas desde segunda-feira e impôs restrições em estabelecimentos comerciais e transportes, entre outras.
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