O alerta foi deixado por Jerónimo de Sousa na abertura de um encontro com músicos, na sede do Centro Vitória, em Lisboa, para ouvir o que têm para dizer sobre o setor da Cultura, praticamente paralisado há um ano devido à epidemia de covid-19.
Ainda a procissão vai no adro, mas começamos a ouvir [falar em] despedimentos em massa, desemprego, alteração e desregulação de horários, precariedade a aumentar”, afirmou, perante uma plateia de cerca de 30 músicos.
Jerónimo de Sousa apontou ao Governo, sem o nomear diretamente, e disse que “é preciso olhar para o pais real”, em que “tudo afunila na questão epidemiológica quando era preciso olhar também para os problemas económicos e sociais, tendo em conta o agravamento da situação”.
Se todas as atenções forem para a questões financeiras, afirmou, o país sofrerá efeitos negativos: “Embicarmos, ter as vistas curtas apenas para as questões do financiamento, naturalmente isso terá consequências desastrosas para o nosso pais e o nosso povo.”
Para o secretário-geral do PCP, “muitos dos problemas que a epidemia evidencia neste momento têm origem na falta de uma política cultural de apoio à criação e fruição culturais, e no facto de PS, tal como PSD e CDS no governo, manterem compromissos com a política de direita também no setor da Cultura”.
PCP dramatiza e alerta para “desespero” se plano de vacinação não for cumprido
“Se esse processo atrasar, hoje, o que são laivos de descontentamento que existem, podem transformar-se numa coisa mais complicada: do descontentamento passar ao desespero. E o desespero, enfim…. Quem está desesperado não pensa ou pensa mal”, afirmou Jerónimo de Sousa.
O líder comunista afirmou, à plateia de músicos, que a vacina “é a grande preocupação dos portugueses” e que “é um problema que se pode colocar” e que exige o cumprimento de promessas e garantias por parte do Governo”.
Depois, ironizou com Paulo Portas, ex-líder do CDS e antigo vice-primeiro-ministro, e com os seus comentários ao domingo, na TVI, em que “põe aquele ar de estadista e epidemiologista e não sei que mais” por ter dito que o desconfinamento é muito perigoso por poder fazer “voltar tudo atrás”.
“Isto é o que se chama exercitar a política do medo”, disse, causando sorrisos na sala.
E, tal como já fizera na abertura do encontro, alertou para o possível encerramento de empresas, especialmente pequena e médias empresas, insistindo ainda que é preciso o estado dar respostas e apoios aos trabalhadores nessa fase de crise pandémica.
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