No Infarmed, em Lisboa, a partir das 10:00, tal como tem acontecido desde fevereiro, estarão apenas presentes a ministra da Saúde, Marta Temido, e a maioria dos epidemiologistas.

Os restantes participantes, Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa e Ferro Rodrigues, os representantes de partidos, membros do Conselho de Estado e parceiros sociais, vão acompanhar a reunião por videoconferência.

Após esta reunião entre políticos e peritos sobre a evolução da situação epidemiológica de Portugal, na quinta-feira, a Assembleia da República vai debater e votar o projeto de decreto presidencial para a renovação do estado de emergência por novo período de 15 dias, com efeitos a partir de 01 de abril e que abrangerá o período da Páscoa.

Apesar de a situação epidemiológica do país continuar a evoluir favoravelmente, ontem, em declarações aos jornalistas, o Presidente da República considerou muito provável que o quadro legal do estado de emergência se prolongue até maio, enquanto houver atividades encerradas.

"Havendo um plano de desconfinamento até maio, quer dizer que há atividades confinadas parcialmente até maio. E, portanto, é muito provável que haja estado de emergência a acompanhar essa realidade, porque o estado de emergência legitima aquilo que, com maior ou menor extensão, são restrições na vida dos portugueses", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas no final de uma visita à Escola Básica Parque Silva Porto, em Benfica.

O Presidente da República deu assim como certa a renovação deste quadro legal durante esta semana: "Eu decretarei a renovação do estado de emergência e falarei depois ao país", adiantou.

O plano de desconfinamento do Governo prevê novas fases de reabertura em 05, 19 de abril e 03 de maio, mas as medidas podem ser revistas se Portugal ultrapassar os 120 novos casos de infeção pelo novo coronavírus por dia por 100 mil habitantes a 14 dias, ou, ainda, se o índice de transmissibilidade (Rt) do vírus SARS-CoV-2 ultrapassar 1.

Ainda como medida cautelar, tendo em vista evitar um drástico aumento da mobilidade, a deslocação entre concelhos para a generalidade da população continua interdita no próximo fim de semana e na semana da Páscoa (26 de março a 05 de abril). E o dever de recolhimento domiciliário vigora até à Páscoa,

Em 11 de março, quando apresentou o plano de desconfinamento, António Costa disse que a abertura de atividades se processaria "a conta-gotas". Assim, na segunda-feira passada, apenas reabriram as creches, o ensino pré-escolar, as escolas do primeiro ciclo do básico, o comércio ao postigo e estabelecimentos de estética como cabeleireiros.

Apesar da redução progressiva do número de casos diários de covid-19 verificados em Portugal, o primeiro-ministro tem deixado sempre uma série de avisos, pedindo aos cidadãos para que não facilitem e que "o vírus continua a andar por aí".

No sábado, na abertura da reunião da Comissão Nacional do PS, advertiu que o futuro em termos de desconfinamento depende da forma como os cidadãos gerirem as próximas semanas.

"É fundamental termos todos a consciência de que esta pandemia não acabou e não acabará enquanto não houver uma vacinação total, ou a descoberta de um medicamento eficaz para a eliminação da covid-19. Embora hoje se possa encarar com confiança o futuro, temos de perceber que esse futuro depende muito da forma como gerirmos nas próximas semanas todo este processo de desconfinamento", declarou.

Neste ponto da sua intervenção, António Costa reforçou a sua mensagem de alerta, dizendo que esta "não é altura de baixar a guarda".

"Não é altura de facilitismos ou de andar a dizer que o sol está maravilhoso e vamos todos aproveitá-lo, porque o vírus continua a andar por aí", avisou, antes de fazer uma alusão à situação epidemiológica de vários países europeus.

"Basta ver o que infelizmente está a acontecer em muitos dos outros países nossos parceiros da União Europeia. Julgavam já ter ultrapassado a fase mais difícil, mas estão agora numa situação de regressão", acrescentou.

Como vai decorrer a sessão de hoje?

A sessão inicia-se com a apresentação de André Peralta Santos, da Direção-Geral da Saúde, sobre a situação epidemiológica, seguindo-se a perspetiva da evolução da incidência e da transmissibilidade do vírus SARS-CoV-2 a cargo de Baltazar Nunes e Ricardo Mexia, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

João Paulo Gomes, também do INSA, fará a atualização das variantes do vírus no país, cabendo a Henrique de Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, uma apresentação sobre um ano de aprendizagem da covid-19 em Portugal.

A reunião prossegue com a apresentação das perceções sociais da pandemia no país, a cargo de Carla Nunes, da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, e com o ponto de situação da vacinação pelo coordenador da `task force´ vice-almirante Henrique Gouveia e Melo.

No início da segunda semana de reabertura do país, Portugal apresentava, na segunda-feira, uma incidência de 81,3 novos casos de infeção com SARS-CoV-2 por 100 mil habitantes e um índice de transmissibilidade (Rt) de 0,89, segundo o boletim conjunto da Direção-Geral da Saúde e do INSA.

Estes indicadores – uma incidência do número de novos casos de covid-19 abaixo dos 120 por 100 mil habitantes e um índice de transmissibilidade (Rt) inferior a 1 -, são os critérios definidos pelo Governo para a revisão continua do processo de desconfinamento.