Dario Kopenawa e Mauricio Yekuana, dirigentes de uma associação de defesa deste povo com sede no norte do Brasil, perto da fronteira com a Venezuela, entregaram a petição intitulada “Fora Garimpo, Fora Covid” durante um encontro virtual com vários parlamentares.

O texto denuncia ainda a política do Presidente Jair Bolsonaro, favorável à abertura das terras indígenas à mineração e à agricultura.

“Queremos que as autoridades atuem, não queremos continuar a perder os nossos mais velhos, os nossos filhos”, disse Dario Kopenawa.

Imagens de lideranças Yanomami serão projetadas na noite de hoje nas fachadas do Congresso, em Brasília, para aumentar a consciencialização sobre o tema.

Há duas semanas, várias associações publicaram um relatório mostrando que a pandemia do novo coronavírus estava “descontrolada” entre os Yanomami, onde o número de casos quadruplicou em três meses.

Segundos as associações e lideranças indígenas, a propagação do vírus deve-se à invasão de garimpeiros, que extraem e exploram ilegalmente metais preciosos na região.

“O Governo está a criar as condições para outro genocídio dos Yanomami”, denunciou Fiona Watson, da organização não-governamental (ONG) ‘Survival International’.

“Se as autoridades não agirem agora para expulsar os garimpeiros e impedir a propagação do coronavírus e da malária, os Yanomami, os Ye’kwana e várias comunidades isoladas altamente vulneráveis na região verão as suas vidas destruídas sem oportunidade de reparo”, acrescentou Fiona.

Associações indígenas e ONG indicam que há cerca de 20 mil garimpeiros ilegais nas terras Yanomami, onde vivem cerca de 27 mil indígenas, num território de 96 mil quilómetros quadrados no norte do Brasil, junto à fronteira com a Venezuela, sendo a maior área demarcada brasileira.

Já o vice-Presidente, Hamilton Mourão, afirmou, por sua vez, que o número de exploradores ilegais na região ronda os 3.500. Kopenawa reuniu-se com Mourão em julho para exigir a expulsão desses garimpeiros.

De acordo com os últimos dados da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, mais de 40.000 indígenas já foram infetados com a covid-19 no país e 884 morreram, incluindo vários caciques (líderes indígenas).

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de mortos (mais de 6,4 milhões de casos e 174.515 óbitos), depois dos Estados Unidos.

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