“De acordo com a evolução do número de casos de Covid-19 em Portugal e com os cálculos das estimativas epidemiológicas disponíveis, estima-se, com base no que tem sido a evolução da incidência, que a data prevista para a ocorrência do pico da curva epidemiológica se situe à volta do dia 14 de abril", disse a ministra da Saúde.

Reveja aqui a conferência de imprensa da diretora-geral de Saúde, Graça Freitas, e do ministra da Saúde, Marta Temida.

Principais pontos destacados pela ministra da Saúde:

- O novo modelo de assistência aos doentes do Covid-19 será implementado a partir da próxima quinta-feira (26 de março) por forma a dar tempo às entidades envolvidas de fazerem a adaptação. O novo modelo foca-se sobretudo no acompanhamento em casa "face àquilo que tem sido o alargamento da expansão geográfica" dos casos de infeção e à "tendência crescente da curva epidémica".

- Áreas diferenciadas para doentes com o novo coronavírus e não infetados, assim como "a distribuição de equipamentos de proteção e mais testes".

- Maioria dos doentes tratados no domicílio e pretende-se reforçar esta possibilidade, com o objetivo de chegar a 80% dos infetados.

- Doentes que sejam transferidos para rede de cuidados continuados ou lares deverão ser testados.

- Realização de testes aos profissionais de saúde: "queremos que estejam em segurança e é prioritária a questão dos equipamentos de proteção individual e são grupo prioritário para realização de testes"

- Apelo aos jovens e às crianças: "ninguém está imune à doença mesmo que em determinadas faixas etárias seja baixa e todos temos de ter cuidado"

"Estamos a aprender todos os dias", sublinhou a ministra.

Principais pontos destacados pela diretora-geral da Saúde:

- Taxa de mortalidade por Covid-19 está é atualmente de cerca de um por cento, estando “aquém” de valores registados noutros países, afirmou hoje Graça Freitas. Esta taxa pode evoluir para “outro tipo de valores”, porque Portugal tem ainda “muito poucos doentes com história de internamento muito prolongado”, ressalvou a Diretora-Geral da Saúde.

- “Nós começámos a internar e a detetar casos do dia 02 [de março] e hoje é dia 21 e, portanto, ainda pode acontecer que alguns destes doentes venham a morrer”, disse Graça Freitas.

- Quatro pilares essenciais no combate: reforço dos serviços e capacidade de resposta, detectar precocemente casos positivos e tratar segundo a sua condição clínica (80% no domicílio); medidas  comunitárias de redução da transmissão (lavagem das mãos, reduzir número de vezes que levamos as mãos à bica, nariz e óculos para quem usa, limpar mais vezes as superfícies, tocar o menos possível nos objetos, não tossir e falar diretamente para alguém e distanciamento familiar - diferente de acordo com o ambiente familiar, consoante há ou não alguém infetado, mas mantendo mesmo sem casos de infecção o distanciamento possível)

- "Temos de nos treinar e reinventar para não fazer as mesmas rotinas que fazíamos há duas semanas"

- "Queremos aplanar a curva e salvar vidas", referiu

Respostas aos jornalistas:

Com este número de mortes, algum arrependimento de não ter avançado mais cedo com cercas sanitárias nomeadamente a norte?

Marta Temido: "Temos feito um processo de aprendizagem e temos seguido as recomendações da OMS, Centro Europeu de Deteção de Doenças, outros países europeus. Temos aprendido uns com os outros. Arrependimento é algo que sempre que olhamos para trás podemos pensar que algo podia ter sido diferente. (...) Mas penso que o norte tem sido exemplar na forma como tem lidado com este surto (...) Houve a enorme capacidade de aprender, nomeadamente na instalação de centros ambulatórios de testes. penso que temos aprendido bastante com aquilo que foi a capacidade da região norte de combater o surto." A ministra considerou que tanto em Felgueiras, como em Lousada, como em Ovar se agiu "atempadamente" e que "a gradualidade das medidas tem sido a pedra de toque"

Graça Freitas: "Há a realçar o trabalho das equipas de saúde pública que fizeram um trabalho extraordinário (...) recordo que em Ovar foi decido fazer um cordão sanitário (..) O norte teve uma introdução de casos importados muito maior que qualquer outra região e foi na região norte que primeiro se colocou restrição à entrada de pessoas"

O que dizer às pessoas que estão a fazer testes nos agentes privados?

Marta Temido: "É uma doença de notificação obrigatória e e os casos estão a ser reportados. Aquilo que temos tudo como preocupação é utilizar todo o sistema de saúde. No que respeita aos testes temos dado como número os do SNS (9000), mas sabemos que há mais capacidade no sistema privado e temos estado a trabalhar com esse sistema."

O que é que a está a ser feito para as IPSS poderem fazer os testes e ter acesso aos materiais de proteção?

Marta Temido: "O Ministério da Saúde tem estado a disponibilizar-se para recolher necessidades de forma a facilitar o processo de aquisição (...) Temos estado a trabalhar com um conjunto de entidades beneméritas que nos têm ajudado com a produção de materiais de proteção e há uma viagem específica para reforçar o abastecimento (...) Na reserva estratégica nacional temos à data de hoje 2 milhões de máscaras e temos um conjunto de entregas marcadas para os próximos dias [as próximas serão a dia 23 e 30 março]