A anteceder o primeiro fim de semana de desconfinamento, a Câmara Municipal de Oeiras reabriu alguns equipamentos municipais, entre eles os parques, jardins, bibliotecas e cemitérios, na passada quinta-feira.
Em tempos de pandemia da covid-19, as pessoas que percorrem o parque quase se conseguem contar pelos dedos das mãos, e o espaço parece ainda mais amplo, com as estátuas que povoam o jardim como únicos olhares visíveis por entre os arvoredos.
Aqui e ali surge uma família, umas com crianças outras sem, e acabam por caminhar depressa pois a chuva ora vem, ora vai, não fosse um dia com previsão de aguaceiros.
Maria João decidiu arriscar com a filha de dois anos, explicando à Lusa que já estava há muitos dias sem sair de casa.
“Foi uma experiência ao acaso, só vim ver se havia um parque aberto, porque ela já esta há 15 dias fechada em casa e precisava de apanhar ar, passei de carro e aproveitei um bocadinho de sol”, contou, referindo que é uma oportunidade para “esticar um bocadinho as pernas”.
De trotinete na mão, mãe e filha passeiam pelo parque sem receios, lembrando que trazem consigo máscaras para proteção em caso de haver muita gente.
“Não estando muito gente, aliás não está quase ninguém, é seguro e é uma boa alternativa o parque estar aberto”, explicou Maria João, comparando a situação na zona com a da Avenida Marginal, “que está cheia apesar de estar a chover”.
Elsa Ruben, que passeia com o marido, adiantou à Lusa que mora perto do parque e que “gosta muito de fazer um passeio”, sublinhado que vem “o mais cedo possível para evitar uma grande concentração de pessoas”.
Não encontra grandes diferenças depois de o parque ter estado fechado, frisando que continua tratado e limpo como habitualmente, sublinhando a importância da sua abertura pois as pessoas assim ficam agora com uma alternativa ao paredão de Oeiras..
“Tendo este aberto já uma pessoa pode escolher ou o paredão ou o Parque dos Poetas. Pode fazer o segundo e atravessar a ponte e ir para o terceiro lá até Paço de Arcos”, afirmou, encaminhando-se para uma das nespereiras que se encontra no espaço para colher a fruta.
As nespereiras existentes estavam concorridas, uma outra família encontrava-se no local, mas só Rui Fernandes aceitou falar, explicando que, “apesar do tempo incerto” tinha decidido vir “dar uma voltinha”.
“Abriu hoje acho eu, está uma temperatura amena, agradável e dá para aliviar a cabeça” avançou, referindo que se as pessoas “fossem conscienciosas, não fechava e aproveitava-se o ar puro maravilhoso”.
Apesar de se manter a trabalhar, Rui Fernandes sublinhou a importância de dar “uma voltinha ao fim de semana” e hoje do passeio ainda leva um saco de nêsperas: “são deliciosas, estão todas em cima, deu para aproveitar para roubar algumas entre aspas”.
O Parque dos Poetas tem uma área de 22,5 hectares e nele se encontram representados 60 poetas: 50 portugueses e 10 de países ou territórios de expressão portuguesa.
Projetado pelos arquitetos paisagistas Francisco Caldeira Cabral e Elsa Severino, o parque concentra em si valências culturais, desportivas, ambientais e urbanísticas num ambiente lírico e natural.
Por ser um espaço ao ar livre de tão grande dimensão foram poucas as pessoas que foram avistadas pela reportagem da Lusa, ainda assim, algumas que faziam ‘jogging’ não quiseram parar quando abordadas e era vê-las correr mais rápido quando a chuva teimava em cair.
Portugal contabiliza hoje 1.135 mortos associados à covid-19 em 27.581 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.
Relativamente ao dia anterior, há mais nove mortos (+0,8%) e mais 175 casos de infeção (+0,6%).
Das pessoas infetadas, 797 estão hospitalizadas, das quais 112 em unidades de cuidados intensivos, e o número de casos recuperados passou de 2.499 para 2.549.
Portugal entrou dia 03 de maio em situação de calamidade, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.
Esta nova fase de combate à covid-19 prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância ativa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras ou viseiras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.
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