“Neste momento tudo o que o mercado consegue produzir nós temos tentado adquirir para constituir uma reserva. Essa reserva será ativada de acordo com as necessidades. Há um controlo muito restrito sobre esta reserva. É o Infarmed, que é parceiro da DGS, que está a gerir, com excelência diria eu, esta reserva, mas quando é para ativar é a DGS, com cada região e com o país, todo que vê como é que pode alocar parte da reserva”, disse Graça Freitas.

A diretora-geral da Saúde esteve hoje no parlamento, onde foi ouvida na comissão parlamentar de Saúde por requerimento do PSD, para prestar esclarecimentos sobre a situação em Portugal do combate ao surto da epidemia de Covid-19, provocada pelo novo coronavírus surgido na China no final de 2019.

Sublinhando que há “uma partilha de responsabilidades” neste aspeto, com níveis nacionais, regionais e institucionais, Graça Freitas sublinhou que todas as instituições têm mecanismos para desenvolver os seus planos de contingência e comprar equipamentos de proteção individual.

Reconheceu dificuldades na compra, com as quais também foi confrontada nas intervenções dos deputados, mas sublinhou que neste momento já se nota uma retoma, ainda que lenta, na produção na China, onde o surto teve origem em dezembro de 2019.

“Começa a haver um movimento de reposição da normalidade”, disse, referindo ainda a participação portuguesa no mecanismo europeu que permite compras centralizadas destes produtos e também de medicamentos, que podem vir a integrar uma reserva física.

Sobre a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS), nomeadamente no que diz respeito a cuidados intensivos e camas de isolamento, Graça Freitas garantiu que há margem para expansão, caso se revele necessário.

“Obviamente em Portugal [os cuidados intensivos] também são um ponto de risco. Isso também não há como dizer que não são, mas há capacidade para os expandir e os hospitais estão a fazer não só levantamentos como a ver a sua capacidade de expansão em função do que estamos a aprender com os doentes e com os outros países. Neste momento a indicação que há é não só atualizar a informação da capacidade instalada, mas arranjar mecanismos para expandir essa capacidade instalada para minimizar o impacto”, disse.

Não quis precisar quantos quartos existem para isolamento, referindo que são “x”, mas esse número “pode ser aumentado para muito mais do que ‘x’” se necessário, uma vez que a qualquer momento “qualquer enfermaria pode passar a quarto de isolamento”.

Referiu, no entanto, que cerca de 80% dos casos de Covid-19 são infeções ligeiras, que podem ser tratadas em casa.

Dos 41 casos de infeção com Covid-19 confirmados em Portugal apenas um continua a inspirar maiores cuidados de saúde e para apenas dois não são conhecidas as cadeias de transmissão, ainda que a convicção de Graça Freitas, manifestada aos deputados, seja de que será conhecida em breve.

Questionada sobre se conta com o setor privado e social para a resposta ao surto, Graça Freitas garantiu que conta com todos.

Questionada sobre se entende que a Direção-Geral de Saúde tem na lei todos os poderes que necessita para fazer face ao surto, Graça Freitas respondeu afirmativamente.

Sublinhou ainda o nível de tranquilidade da população em relação à epidemia, mesmo reconhecendo que circula muita informação que não é verdadeira, disse que não se deve chegar a um ponto em que as pessoas tenham que fazer stocks de bens e mantimentos e pediu aos portugueses que “não açambarquem”, referindo que em situações de crise é possível encontrar redes de solidariedade.