Na abertura da habitual conferência de imprensa da Direção-Geral da Saúde, Marta Temido explicou que até hoje o número de casos recuperados foi sempre atualizado tendo como base direta fonte dos hospitais ou das autoridades de saúde. Atualmente, esse valor contabiliza 7.705 recuperações, mas amanhã espera-se haja um aumento brutal do número de casos pela alteração da forma de cálculos que vai incluir também os casos de recuperação na aplicação TraceCovid criada para acompanhar os doentes em ambulatório.

“O TraceCovid que foi concebido para apoiar as equipas de saúde no controlo dos doentes, foi um programa concebido apenas para esse efeito, para acompanhar os doentes — mas foi atualizado e passou a incorporar um campo de registo para os clínicos que tem também o rótulo de doente recuperado, que não existia antes”, explicou a ministra da Saúde. Tal facto fez com que à data exista um conjunto de pessoas com o registo de curado e que não estão traduzidos nos relatório diariamente distribuídos aos jornalistas.

Marta Temido diz que desse grupo de recuperados, 9.652 "têm pelo menos um teste negativo". "Amanhã serão incluídos no relatório de situação como recuperados", sublinhou.

Para garantir que não há uma sobreposição de dados vai ser feito um cruzamento através do número de utente, de forma a "garantir que a informação é fiável".

Os números do boletim deste sábado

Portugal regista hoje 1.302 mortes relacionadas com a covid-19, mais 13 do que sexta-feira, e 30.471 infetados, mais 271. O número de casos recuperados subiu de 7590 para 7705.

Em comparação com os dados de sexta-feira, em que se registavam 1.289 mortos, hoje constatou-se um aumento de óbitos de 1%.

Relativamente ao número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus (30.471), os dados da Direção-Geral da Saúde (DGS) revelam que há mais 271 casos do que na sexta-feira (30.200), representando uma subida de 0,89%.

A região Norte é a que regista o maior número de mortos (732), seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo (309), do Centro (230), do Algarve (15), dos Açores (15) e do Alentejo, que regista um óbito, adianta o relatório da situação epidemiológica, com dados atualizados até às 24:00 de sexta-feira, mantendo-se a Região Autónoma da Madeira sem registo de óbitos.

Segundo os dados da Direção-Geral da Saúde, 666 vítimas mortais são mulheres e 636 são homens.

Das mortes registadas, 880 tinham mais de 80 anos, 252 tinham entre os 70 e os 79 anos, 115 tinham entre os 60 e 69 anos, 39 entre 50 e 59, 15 entre os 40 e os 49 e um dos doentes tinha entre 20 e 29 anos.

A caracterização clínica dos casos confirmados indica que 550 doentes estão internados em hospitais, menos 26 do que na sexta-feira (-4,7%), e 80 estão em Unidades de Cuidados Intensivos, menos 4 (-5%).

A recuperar em casa estão 20.834 pessoas.

Os dados da DGS precisam que o concelho de Lisboa é o que regista o maior número de casos de infeção pelo novo coronavírus (2.146), seguido por Vila Nova de Gaia (1.551), Porto (1.347) Matosinhos (1.264), Braga (1.206) e Gondomar (1.073).

Desde o dia 01 de janeiro, registaram-se 308.584 casos suspeitos, dos quais 2.308 aguardam resultado dos testes.

Há 275.805 casos em que o resultado dos testes foi negativo, refere a DGS, adiantando que o número de doentes recuperados subiu para 7.705 (mais 115, +1,5%).

A região Norte continua a registar o maior número de infeções, totalizando 16.664, seguida pela região de Lisboa e Vale do Tejo, com 9.292, da região Centro, com 3.676, do Algarve (361) e do Alentejo (253).

Os Açores registam 135 casos de covid-19 e a Madeira contabiliza 90 casos confirmados, de acordo com o boletim hoje divulgado.

A DGS regista também 26.130 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.

Do total de infetados, 17.702 são mulheres e 12.769 são homens.

A faixa etária mais afetada pela doença é a dos 40 aos 49 anos (5.147), seguida da faixa dos 50 aos 59 anos (5.100) e das pessoas com mais de 80 anos (4.417 casos).

Há ainda 4.515 doentes com idades entre 30 e 39 anos, 3.876 entre os 20 e os 29 anos, 3.376 entre os 60 e 69 anos e 2.488 com idades entre 70 e 79 anos.

A DGS regista também 567 casos de crianças até aos nove anos e 985 de jovens com idades entre os 10 e os 19 anos.

De acordo com a DGS, 40% dos doentes positivos ao novo coronavírus apresentam como sintomas tosse, 29% febre, 21% dores musculares, 20% cefaleia, 15% fraqueza generalizada e 12% dificuldade respiratória. Esta informação refere-se a 90% dos casos confirmados.

Situações remuneratórias dos enfermeiros foram regularizadas

“Verificaram-se atrasos na entrega de alguns formulários necessários para que os processamentos remuneratórios fossem feitos em algumas instituições e essas situações já foram corrigidas institucionalmente”, afirmou Marta Temido, na conferência de imprensa diária sobre o ponto de situação da covid-19, realizada no Ministério da Saúde.

O Sindicato dos Enfermeiros acusou o Estado de não cumprir com o que está legislado em relação aos horários de trabalho, ao pagamento de trabalho suplementar e ao Regime de Prevenção e disponibilidade permanente daqueles profissionais de saúde, e anunciou hoje que vai apresentar uma queixa à Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Segundo o sindicato, verifica-se também o incumprimento dos períodos de descanso, o impedimento do gozo de feriados/tolerâncias em algumas instituições e o gozo de férias previstas.

A ministra afirmou que o seu ministério se vai manter atento “à evolução daquilo que possam ser situações especialmente gravosas” para os profissionais e saúde e sublinhou que vai “trabalhar com as estruturas representativas dos trabalhadores e com associações públicas profissionais no sentido de garantir que em termos laborais e deontológicos estão criadas as melhores condições para um funcionamento harmonioso”.

A Ordem dos Enfermeiros denunciou que vários profissionais, infetados no local de trabalho pelo novo coronavírus, “sofreram cortes significativos no vencimento” ou ficaram sem o seu ordenado.

Novo coronavírus SARS-CoV-2

A Covid-19, causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, é uma infeção respiratória aguda que pode desencadear uma pneumonia.

A maioria das pessoas infetadas apresenta sintomas de infeção respiratória aguda ligeiros a moderados, sendo eles febre (com temperaturas superiores a 37,5ºC), tosse e dificuldade respiratória (falta de ar).

Em casos mais graves pode causar pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos, e eventual morte. Contudo, a maioria dos casos recupera sem sequelas. A doença pode durar até cinco semanas.

Considera-se atualmente uma pessoa curada quando apresentar dois testes diagnósticos consecutivos negativos. Os testes são realizados com intervalos de 2 a 4 dias, até haver resultados negativos. A duração depende de cada doente, do seu sistema imunitário e de haver ou não doenças crónicas associadas, que alteram o nível de risco.

A covid-19 transmite-se por contacto próximo com pessoas infetadas pelo vírus, ou superfícies e objetos contaminados.

Quando tossimos ou espirramos libertamos gotículas pelo nariz ou boca que podem atingir diretamente a boca, nariz e olhos de quem estiver próximo. Estas gotículas podem depositar-se nos objetos ou superfícies que rodeiam a pessoa infetada. Por sua vez, outras pessoas podem infetar-se ao tocar nestes objetos ou superfícies e depois tocar nos olhos, nariz ou boca com as mãos.

Estima-se que o período de incubação da doença (tempo decorrido desde a exposição ao vírus até ao aparecimento de sintomas) seja entre 2 e 14 dias. A transmissão por pessoas assintomáticas (sem sintomas) ainda está a ser investigada.

Vários laboratórios no mundo procuram atualmente uma vacina ou tratamento para a covid-19, sendo que atualmente o tratamento para a infeção é dirigido aos sinais e sintomas que os doentes apresentam.

Onde posso consultar informação oficial?
A DGS criou para o efeito vários sites onde concentra toda a informação atualizada e onde pode acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo. Pode ainda consultar as medidas de segurança recomendadas e esclarecer dúvidas sobre a doença.

https://covid19.min-saude.pt
https://covid19.min-saude.pt/ponto-de-situacao-atual-em-portugal
https://www.dgs.pt/em-destaque.aspx

Quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas em Portugal - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúde. Não se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-Geral da Saúde.