Portugal regista hoje 1.436 mortes relacionadas com a covid-19, mais 12 do que na segunda-feira, e 32.895 infetados, mais 195, segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde.
Em comparação com os dados de segunda-feira, em que se registavam 1.424 mortos, hoje constatou-se um aumento de óbitos de 0,8%. Já os casos e infeção subiram 0,6%.
Na Região de Lisboa e Vale do Tejo, onde se tem registado maior número de surtos, há mais 158 casos de infeção (+1,4%). É esta precisamente a zona do país que merece maior preocupação e que obriga a uma estratégia concreta. Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, explicou na habitual conferência de imprensa diária da DGS que o plano para conter a pandemia nesta região passa por "monitorizar, conter, testar, isolar, tratar, retirar os positivos, evitar novas cadeias de transmissão e quebrar as cadeias de transmissão que estão em curso".
"É uma estratégia muito agressiva e que esperamos ter resultados dentro de dias", disse Graça Freitas explicando que os resultados das medidas adotadas nunca são imediatos devido ao período de incubação do vírus de 14 dias.
Uma das razões apontadas para o exponencial aumento de casos na região de Lisboa foi ontem justificado por Fernando Medina, autarca da capital, com um aumento do número de testes. A diretora-geral assumiu, também, que esse poderá ser um dos fatores, explicando que "a estratégia de testagem não tem sido simétrica em todo o país".
"A região norte, por exemplo, há umas semanas testou muita gente ao mesmo tempo, portanto muitas pessoas testaram positivo, sendo que a dinâmica da região norte foi diferente, a curva foi mais precoce, intensa e depois iniciaram uma descida", exemplificou, recordando o período em que esta era a região em que se verificava um maior número de casos.
Em Lisboa a transmissão do vírus é comunitária, mas está focada em zonas específicas e tem infetado, sobretudo, uma faixa da população mais jovem, o que tem permitido um impacto amortecido nos dados do boletim, sobretudo nos parâmetros mais graves, como o número de internamentos.
A diretora-geral aproveitou ainda para anunciar os últimos dados sobre a transmissão do vírus em todo o país. Atualmente a região norte, "apesar de ter uma pequena incidência de casos", ainda tem transmissão comunitária ativa, a região centro tem "apenas pequenos focos localizados", assim como o Alentejo e o Algarve. Os arquipélagos da Madeira e dos Açores "têm casos de transmissão esporádica".
Mais de duas mil análises recolhidas em empresas de Lisboa e Vale do Tejo
António Lacerda Sales indicou que entre sábado e segunda-feira tinham sido recolhidas 2.000 análises e que só na segunda-feira foram recolhidas 945 amostras.
Na zona que concentra “mais atenções e maiores preocupações” das autoridades de saúde, continua a centrar-se a maioria dos novos casos de covid-19 e foram recolhidas amostras em “várias dezenas de empresas”, a maioria “na zona da Azambuja”.
“Outras [recolhas] estão a acontecer durante o dia de hoje e as restantes estão agendadas para os próximos dias”, adiantou, indicando que no fim da semana será feito um balanço.
Lacerda Sales afirmou que o plano de testagem do INEM, em articulação com as autoridades de saúde, o Instituto da Segurança Social e Autoridade para as Condições de trabalho, se estenderá a outras empresas para além das já analisadas.
As amostras são processadas pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge e por outros hospitais da região, indicou Lacerda Sales, salientando que a estratégia para conter o surto é “identificar, testar e isolar muito rapidamente” os casos de infeção pelo novo coronavírus.
Lacerda Sales afirmou que as medidas agora tomadas, sobretudo em torno de empresas de construção civil e trabalho temporário, “só terão impacto em duas semanas”, o tempo médio de incubação do novo coronavírus.
O secretário de Estado da Saúde referiu ainda que, em relação aos lares de idosos, há 293 instituições com casos, menos quatro do que na segunda-feira, representando 11,6% do universo de lares de idosos no país.
Limpeza de ambulâncias é “competência” de profissionais do INEM
Na conferência foi ainda tema as críticas do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar à decisão de terem de ser os profissionais a fazer a desinfeção das ambulâncias, que foi assegurada pela Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPS) da GNR do início da pandemia até este domingo, dia 31 de maio.
Luis Meira, presidente do Conselho Diretivo do INEM, por ocasião elemento convidado na habitual conferência de imprensa da DGS, respondeu, afirmando que “em todas as mais de 100 ambulâncias do INEM no país, os profissionais têm competências para garantir a desinfeção”.
De acordo com o presidente do INEM, o apoio de equipas da GNR e do exército na limpeza de viaturas, que agora terminou levando a críticas do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar, estava previsto apenas “para a fase de contenção” da pandemia e a atuação depende das “justificações científicas e técnicas adequadas a cada momento”.
O boletim ao detalhe
A região Norte continua a registar o maior número de infeções, totalizando 16.789, seguida pela região de Lisboa e Vale do Tejo, com 11.493, da região Centro, com 3.753, do Algarve (372) e do Alentejo (270).
Os Açores registam 137 casos de covid-19 e a Madeira contabiliza 91 casos confirmados, de acordo com o boletim hoje divulgado.
A região Norte continua também a ser a que regista o maior número de mortos (795), seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo (370), do Centro (240), do Algarve e dos Açores (ambos com 15) e do Alentejo, que regista um óbito, adianta o relatório da situação epidemiológica, com dados atualizados até às 24:00 de segunda-feira, mantendo-se a Região Autónoma da Madeira sem registo de óbitos.
Segundo os dados da Direção-Geral da Saúde, 730 vítimas mortais são mulheres e 706 são homens.
Das mortes registadas, 966 tinham mais de 80 anos, 277 tinham entre os 70 e os 79 anos, 127 tinham entre os 60 e 69 anos, 46 entre 50 e 59, 17 entre os 40 e os 49. Há duas mortes registadas entre os 20 e os 29 anos e uma na faixa etária entre os 30 e os 39 anos.
A caracterização clínica dos casos confirmados indica que 432 doentes estão internados em hospitais, menos 39 do que na segunda-feira (-8,3%), dos quais 58 em Unidades de Cuidados Intensivos, menos seis (-9,4%).
A recuperar em casa estão 11.158 pessoas.
Os dados da DGS precisam que o concelho de Lisboa é o que regista o maior número de casos de infeção pelo novo coronavírus (2.447), seguido por Vila Nova de Gaia (1.578), Porto (1.358), Matosinhos (1.281), Braga (1.225) e Gondomar (1.083).
Desde o dia 01 de janeiro, registaram-se 328.873 casos suspeitos, dos quais 1.866 aguardam resultado dos testes.
Há 294.112 casos em que o resultado dos testes foi negativo, refere a DGS. O número de recuperados ascendeu aos 19.896, mais 317 do que ontem, o que já representa um total superior a 60% do total de casos de infeção.
A DGS regista também 28.069 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.
Do total de infetados, 18.875 são mulheres e 14.020 são homens.
A faixa etária mais afetada pela doença é a dos 40 aos 49 anos (5.512), seguida da faixa dos 50 aos 59 anos (5.409) e das pessoas acima dois 80 anos (4.572).
Há ainda 4.994 doentes entre os 30 e 39 anos, 4.377 entre os 20 e os 29 anos, 3.579 entre os 60 e 69 anos e 2.623 com idades entre 70 e 79 anos.
A DGS regista igualmente 705 casos de crianças até aos nove anos e 1.118 jovens com idades entre os 10 e os 19 anos.
De acordo com a DGS, 39% dos doentes positivos ao novo coronavírus apresentam como sintomas tosse, 29% febre, 21% dores musculares, 20% cefaleia, 15% fraqueza generalizada e 11% dificuldade respiratória.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 373 mil mortos e infetou mais de 6,2 milhões de pessoas em todo o mundo.
Cerca de 2,6 milhões de doentes foram considerados curados pelas autoridades de saúde.
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