Um problema no sistema de informação usado pela Direção Geral da Saúde para fazer o boletim diário sobre a pandemia de covid-19 está a impossibilitar hoje a divulgação dos dados na altura habitual, disse fonte oficial.

Mais tarde, em comunciado conjunto da Direção-Geral da Saúde (DGS) e dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), foi explicado que "esta madrugada ocorreu uma alteração técnica nas configurações de acesso, não comunicada previamente, num sistema crítico da Microsoft".

"Esta intervenção afetou sistemas em vários países europeus e teve como consequência o atraso do acesso dos técnicos da DGS aos dados que permitem a construção do boletim. Conseguimos recuperar os acessos, mas a geração do boletim na hora habitual ficou comprometida, em virtude da instabilidade gerada por esta intervenção", diz ainda a nota.

Segundo informou aos jornalistas uma assessora do gabinete de imprensa do Ministério da Saúde, o boletim diário sobre a covid-19 será divulgado mal seja possível e, nessa altura, será agendada outra sessão para perguntas e respostas sobre os dados.

Casos em Lisboa e Vale do Tejo devem “crescer nos próximos dias”

Marta Temido realçou que as autoridades não têm “ainda a perceção exata” da dimensão do aumento de casos na região de Lisboa e Vale do Tejo, a que mais preocupa as autoridades nesta altura.

Apesar de a situação na região de Lisboa e Vale do Tejo justificar “algum estado de alerta”, a ministra assegurou que “não estão em cima da mesa” medidas mais restritivas.

“Alargámos extraordinariamente e deliberadamente o número de testes na região de Lisboa e Vale do Tejo no sentido de rapidamente identificar estes focos e os controlar”, frisou, referindo que foram feitos “mais de 14 mil testes de rastreio” nos focos identificados na região de Lisboa e Vale do Tejo e que “ainda hoje estão a decorrer testes”.

À data de 05 de junho, a incidência cumulativa nos “concelhos que mais preocupam” as autoridades sanitárias era de: 555 casos em Lisboa, 545 casos em Loures, 504 casos na Amadora, 402 casos em Odivelas e 391 casos em Sintra.

Estes são “casos novos reportados nos últimos 14 dias, que se mantêm ativos”, especificou a ministra.

Recusando divulgar informação detalhada sobre determinada empresa ou outro local, por nisso não ver “nenhuma vantagem”, a ministra adiantou que os testes nos focos identificados resultaram em 4,6% de casos positivos, até ao final do dia de quinta-feira, já que os dados das últimas 24 horas ainda não estão disponíveis.

A ministra da Saúde destacou que os surtos identificados não estão relacionados com o desconfinamento e que até dizem respeito a empresas ou locais que se mantiveram a trabalhar.

Suspensão da atividade não urgente em hospitais perto de Lisboa vai manter-se

A suspensão da atividade não urgente em hospitais de Lisboa, Amadora, Sintra, Loures e Odivelas vai continuar "enquanto se mantiver a situação epidemiológica que justifica algum estado de alerta", informou hoje a ministra da Saúde.

Marta Temido disse ter a expectativa de que "nas próximas semanas seja possível regressar àquilo que é o patamar com que estamos na resposta em todos os hospitais do país e retomar a recalendarização da atividade programada, neste momento suspensa".

A ministra da Saúde recordou que o mesmo já tinha acontecido na região norte do país, "numa lógica decidida pelos próprios hospitais, de adequação em relação àquilo que seria uma eventual procura".

No caso dos "hospitais de referência" nos cinco concelhos em causa a decisão foi tomada em função "da incerteza" quanto à evolução da situação na região de Lisboa e Vale do Tejo e devido "à necessidade de alocar as equipas àquilo que é grande prioridade neste momento".

"Essa foi a opção que tomámos e que naturalmente depende, em última instância, daquilo que é a avaliação dos nossos órgãos diretivos e conselhos de administração", acrescentou Marta Temido.

As unidades de saúde abrangidas são os centros hospitalares "em Lisboa norte, Lisboa central e Lisboa ocidental" , o Hospital Fernando da Fonseca, na Amadora, e os hospitais de Cascais e de Loures.

A governante sublinha que a procura dos serviços de saúde para atendimento a casos de infeção por covid-19 regista "um crescimento muito discreto", mas acrescenta ter de ser garantida "a prontidão” caso haja “uma situação imprevista e de incerteza".

Na sexta-feira, o bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Miguel Guimarães, alertou que a retoma da atividade programada nos hospitais, embora gradual, não deve ser impedida em função da zona do país que regista mais ou menos casos de covid-19.

"A retoma tem de ser gradual e é o que está a acontecer nos hospitais, nomeadamente aqui no Norte como constatamos hoje, mas acho que é um erro neste momento estar a impedir, nomeadamente, nos hospitais de Lisboa, que a retoma se vá exercendo", referiu.

Graça Freitas apela a gozo da época balnear, mas "com regras"

Graça Freitas pediu que os cidadãos "se divirtam, se descontraiam, que tenham direito ao seu descanso e ao desconfinamento. Mas que não se esqueçam de que estamos perante uma epidemia, que esta é uma doença contagiosa, que se transmite e, portanto, vamos ter de ter regras".

Graça Freitas sublinha a importância de manter o distanciamento físico em relação a pessoas de fora do agregado familiar, de não partilhar garrafas, copos ou outros objetos, além de recomendar a utilização de máscara e a higienização adequada.

A diretora-geral da Saúde dirigiu-se especialmente aos mais jovens, para que tomem as precauções necessárias para não serem agentes de transmissão do vírus e não coloquem outros em risco.

"O nosso apelo é muito para a população jovem, que felizmente sofre pouco as consequências da doença, mas que contribui para que a doença se propague entre os outros, que atinja pessoas mais velhas, pessoas mais vulneráveis e, sobretudo, aquilo que nós não queremos, que é manter cadeias de transmissão ativas no nosso país, para que a nossa vida social e a nossa vida económica voltem ao normal, dentro do possível, o mais rapidamente possível", sublinha a responsável máxima da Direção-Geral da Saúde.

Segundo Graça Freitas, as autoridades vão estar atentas à forma como vai correr o início da época balnear.

Também a ministra da Saúde, Marta Temido, pediu que as regras de distanciamento social, de etiqueta respiratória e de higienização das mãos e das superfícies sejam cumpridas, apelando à "consciência individual e civismo".

"A melhor forma de homenagear todos aqueles que neste momento continuam a trabalhar e a dar o seu melhor para responderem às necessidades essenciais dos portugueses é cada um de nós ter sempre presente que a atuação de cada um condiciona aquilo que são os serviços de saúde e os serviços essenciais", frisou a governante.

Número de testes não está “depurado de repetições”

Marta Temido especificou que o número de testes é “global”, abrangendo “não só os testes de novos casos, mas os testes de repetição de doentes curados ou até de verificação de casos positivos”.

A ministra da Saúde frisou, porém, que “o número de testes não tem parado de aumentar”, tendo sido realizados, desde 01 de março, 908.291 testes de diagnóstico, dos quais 8,8% em março, 38% em abril, 46% em maio e 6,6% nos primeiros cinco dias do mês corrente.

Só na região de Lisboa e Vale do Tejo, a que mais preocupa as autoridades sanitárias nesta altura, “situa-se agora na ordem dos 14 mil testes”, concretizou a ministra, querendo com isso demonstrar “o aumento da estratégia de testagem”.

Terapias alternativas? "Recomendamos terapêuticas que são submetidas a ensaios"

Questionada pelo SAPO24, sobre o papel que as terapias alternativas podem ter no combate à pandemia e no enriquecimento de estudos, Graça Freitas é célere e precisa na resposta: "A recomendação da Direção-Geral da Saúde em relação a terapias é exatamente a mesma do Infarmed e da Agência Europeia do Medicamento. Nós falamos e recomendamos terapêuticas que são submetidas a ensaios clínicos que têm análises bem documentadas de risco/benefício e que têm indicações específicas. Essa é a nossa posição".

A diretora-geral sublinhou que esta é "uma posição conjunta".

(Notícia atualizada às 18:14)

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