Em declarações à agência Lusa, a vereadora da Habitação, Paula Marques, explicou que foi decidido “manter os mesmos eixos de candidatura” dos anos anteriores.

No entanto, “todas as candidaturas têm de ter ações desenvolvidas” em áreas de apoio ao estudo, ao emprego ou de reforço das respostas locais no combate ao isolamento, com enfoque na saúde mental, racismo e xenofobia, ressalvou.

“Tivemos uma discussão bastante grande entre nós, entre os parceiros, e é evidente que todas as áreas que já estavam identificadas no programa BIP/ZIP são áreas importantes, porque são áreas de desenvolvimento dos territórios. Não é menos importante a cultura ou menos importante o ambiente ou menos importante o lazer em emergência (…). Agora a questão é que nós temos uma outra realidade que nos vai acompanhar e essa outra realidade tem áreas de impacto maior”, justificou a autarca (Cidadãos Por Lisboa, eleita na lista do PS).

“Nós fazemos 10 anos. Os [projetos] BIP/ZIP fazem 10 anos. É uma década celebrada num ano de profunda mudança”, notou.

Por isso, as propostas, independentemente da área temática escolhida, têm de ter em consideração “a questão do emprego e do tecido económico local, a questão do apoio ao estudo, o reforço das redes locais para combate ao isolamento de pessoas vulneráveis”, reforçou Paula Marques.

O eixo que tinha a ver com o espaço público, por exemplo, “até agora era uma coisa muito de intervenção física”, que passará a ter a responder, pelo menos, a uma destas principais dificuldades sentidas nos territórios devido à pandemia, referiu.

“Isto vai apelar à imaginação, mas também à dinamização das comunidades num novo pensamento sobre aquilo que são aos seus espaços”, considerou a vereadora da Habitação, acrescentando ainda que o facto de o programa BIP/ZIP, que teve início há 10 anos, contar com uma “rede tão estruturada” permitiu fazer um diagnóstico da situação atual.

Paula Marques sublinhou também que, nos últimos meses, devido à pandemia de covid-19, diversos projetos adaptaram-se ou transformaram-se para dar “respostas de emergência” no combate ao isolamento, no fornecimento de alimentação, assim como na transmissão de informação.

Na quarta-feira, a autarquia, liderada pelo PS, vai discutir, em reunião pública do executivo por videoconferência, a realização da edição de 2020 do programa BIP/ZIP, com uma dotação financeira do município de cerca de 1,6 milhões de euros.

Posteriormente, avançou a vereadora da Habitação, será feita a capacitação das diversas entidades e organizações e, em junho, abre o período de candidaturas.

De acordo com a autarquia, a edição de 2019 do programa BIP/ZIP recebeu 92 candidaturas, provenientes de 242 entidades promotoras e parceiras, e que abrangiam 67 territórios do programa.

Destas, foram selecionados pelo júri do concurso 44 projetos que incidem sobre 53 territórios BIP/ZIP.

As nove edições do programa totalizam um investimento de 14,1 milhões de euros, a realização de 354 projetos e o envolvimento de 143 mil habitantes, segundo informações divulgadas pela autarquia no ano passado.