"Ao contrário daquilo que se fez em março, que se faça agora um plano de ação claro, para, quando se levantarem as restrições, perceber como é que esse levantamento se vai fazer de modo a garantir a recuperação dos vários setores da economia e da sociedade e para que todos tenham de facto uma visão para onde vamos, ultrapassada esta fase mais difícil", declarou, o vice-coordenador do Conselho Estratégico Nacional (CEN) para a Saúde, Ricardo Baptista Leite, numa conferência de imprensa ao final desta manhã no Porto.
Tendo em conta a necessidade de o país preparar o período pós-pandemia, o deputado, que apresentou um conjunto de sugestões do PSD para o combate à covid-19, defendeu a constituição de duas equipas multidisciplinares, a nível nacional, cuja "missão que não deve ser interrompida pela resposta à emergência".
"Uma que esteja já focada para preparar a 2.ª fase do inverno e primavera, para que depois desta onda de novos casos não tenhamos depois uma terceira altamente descontrolada como atualmente estamos a viver", disse.
Para o efeito, deve definir-se de forma clara para as várias fases de contingência quem faz o quê, quando, como e com que recursos.
Por outro lado, entende o CEN, a segunda equipa deve focar a sua missão, no pós-pandemia, começando desde já a desenhar a reforma da saúde pública em Portugal e a reestruturação do Serviço Nacional de Saúde (SNS), tendo em conta o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e os desafios que esta pandemia destacou ao colocar "uma lupa sobre as fragilidades da resposta de saúde em Portugal".
"Claramente, o modelo da Direção-Geral da Saúde e das administrações regionais está esgotado", assinala o PSD no documento hoje apresentado.
No eixo do pós-pandemia, o PSD considera ainda que deve ser dado um enfoque especial ao "Long covid" como "risco enorme", defendendo a criação, no mínimo, de um observatório permanente ou de, eventualmente, um plano nacional.
Os sociais-democratas sugerem ainda que Portugal, dada a sua natureza transfronteiriça, deve liderar um movimento internacional para criar uma entidade que integre os setores da saúde, militar e proteção civil, para melhor prevenir e preparar a resposta a futuras ameaças biológicas.
"Tal exige que cada país tenha profissionais capacitados e de reserva, devidamente coordenados internacionalmente, e que possam ir estudando e preparando o país e o mundo por via de treinos de simulação para os diferentes cenários de riscos biológicos transfronteiriços (à semelhanças dos 'jogos de guerra' efetivados em contexto militar pela NATO, mas aplicados aqui no campo da saúde e numa escala global", lê-se no documento.
O CEN salienta ainda que aguarda-se, neste momento, um estudo que consiga identificar as razões que justifiquem o excesso de mortalidade em 2020, não justificadas pela covid-19, de modo a preparar uma intervenção incisiva que corrija erros no imediato, assim como no período pós-pandemia.
Este conjunto de sugestões faz parte de um documento mais alargado assente em sete eixos de intervenção, onde o PSD defende, por exemplo, a testagem, identificação e isolamento, em 24 horas, de todos os casos suspeitos de covid-19.
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