“Temos recebido centenas de testemunhos, algumas reportam ameaças de despedimento selvagem, sem quaisquer direitos (…). Há uma certa selvajaria que se está a alastrar e evidentemente que nos preocupa muito esta situação”, afirmou, em declarações à Lusa, Francisco Figueiredo.
Segundo o dirigente sindical, apesar de vários estabelecimentos da restauração da zona Norte, que encerraram devido ao surto de Covid-19, terem assegurado o pagamento do ordenado aos seus funcionários, noutros cafés e restaurantes “isso não está a acontecer”.
“Um grande número de trabalhadores que nos contactaram, através da nossa linha telefónica, dizem que as suas empresas não vão assegurar o salário no final do mês, o que torna ilegal este encerramento”, referiu.
E acrescentou: “há patrões a dizerem aos trabalhadores para meterem baixa e irem para casa e que não vão abrir mais”.
Apesar de não saber o número de estabelecimentos do setor da restauração que já encerraram no Norte do país devido ao surto de Covid-19, o dirigente sindical descreveu-os como “muitos", acrescentando que “outros tantos” aguardam por quarta-feira, dia para o qual o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocou uma reunião do Conselho de Estado, para discutir a eventual decisão de decretar o estado de emergência.
“Há muitos patrões que estão à espera pela próxima quarta-feira, por uma decisão diferente de estado de emergência e, nesse quadro, verem quais poderão ser as proteções”, assegurou.
À Lusa, Francisco Figueiredo adiantou ainda ter recebido também queixas de trabalhadores do setor da hotelaria por “falta de condições de trabalho”.
“Os trabalhadores recusam-se a tratar das camas e dos quartos de hotéis por falta de condições”, concluiu.
Portugal registou hoje a primeira morte devido à Covid-190, anunciou a ministra da Saúde, Marta Temido, que disse tratar-se de um homem de 80 anos, com "várias patologias associadas" que estava internado há vários dias no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
Segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS), há 331 pessoas infetadas até hoje.
Dos casos confirmados, 192 estão a recuperar em casa e 139 estão internados, 18 dos quais em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI).
O boletim da DGS assinala 2.908 casos suspeitos até hoje, dos quais 374 aguardavam resultado laboratorial.
Das pessoas infetadas em Portugal, três recuperaram.
De acordo com o boletim, há 4.592 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.
Atualmente, há 18 cadeias de transmissão ativas em Portugal, mais quatro do que no domingo.
Portugal está em estado de alerta desde sexta-feira e o Governo colocou os meios de proteção civil e as forças e serviços de segurança em prontidão.
Entre as medidas para conter a pandemia, o Governo suspendeu as atividades letivas presenciais em todas as escolas a partir de hoje, e impôs restrições em estabelecimentos comerciais e transportes, entre outras.
O Governo também anunciou hoje o controlo de fronteiras terrestres com Espanha, passando a existir nove pontos de passagem e exclusivamente destinados para transporte de mercadorias e trabalhadores que tenham que se deslocar por razões profissionais.
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