Segundo o boletim da DGS, o total de casos suspeitos (registados desde o início do ano) subiu para 2362 e o total de casos não confirmados é de 11329. Há 1783 pessoas a aguardar resultado laboratorial. Neste momento há 11842 contactos a serem acompanhados pela vigilância pelas autoridades.
Este número de casos suspeitos significa um aumento de 15%, somando-se mais 302 casos desde ontem, 23 de março.
A região Norte é a que regista mais casos, com 1130 casos confirmados, seguindo-se a de Lisboa e Vale do Tejo, com 852 casos. A região Centro tem 293 casos, o Algarve tem 46 casos e o Alentejo tem seis casos.
Segundo o boletim, nas regiões autónomas, os Açores e a Madeira tem 12 casos confirmados.
Há ainda a registar 11 casos de infeção no estrangeiro.
Foram também registados mais dez mortos, avolumando o número de casos mortais para 33. Esta informação, porém, já foi avançada e desmentida por mais de que uma fonte.
A grande confusão
Antes do boletim ser disponibilizado ao público, o secretário de Estado da Saúde António Lacerda Sales anunciou em conferência de imprensa a partir da sede da Direção-Geral da Saúde que os números atualizados apontavam para 29 óbitos. Entretanto, o boletim veio retificar essa informação, aumentando o número para 30.
O próprio secretário de Estado da Saúde reconheceu o erro durante a conferência, justificando que os primeiros valores foram os que lhe tinham sido indicados antes de se dirigir aos jornalistas.
De acordo com este boletim, a região Centro é a que maior mortandade regista, com 11 óbitos, seguindo-se a região Norte, nove óbitos, e a região de Lisboa e Vale do Tejo, oito óbitos. Tanto o Algarve como os Açores registaram um óbito, segundo a informação da DGS, sendo que, no caso da região autónoma, terá sido o primeiro desde o início do surto.
Somando-se todos estes casos mortais, perfaz-se um total de 30 óbitos. No entanto, este número foi revisto.
Em primeiro lugar, a Autoridade de Saúde Regional dos Açores veio revelar que a possível morte registada pela Direção-Geral da Saúde neste boletim na verdade não foi provocada pela Covid-19.
"A Autoridade de Saúde Regional esclarece que, até ao momento, não foi registado nenhum óbito decorrente de infeção pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, que causa a doença COVID-19, na Região Autónoma dos Açores", lê-se na nota.
Ao invés, "relativamente a um óbito registado segunda-feira, 23 de março, no Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, a investigação laboratorial deu resultado negativo para infeção pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, que causa a doença Covid-19", justifica o comunicado.
A este propósito, a nota refere que "a Secretaria Regional da Saúde" esteve "em articulação com a Direção-Geral da Saúde para a correção do relatório de situação divulgado hoje por aquela entidade".
Entretanto, depois de verificado este erro, a DGS voltou a atualizar os números do seu boletim, enviando uma retificação onde refere que "o óbito registado na Região Autónoma dos Açores, caso suspeito para Covid-19, veio infirmado, ou seja, a DGS teve conhecimento após fecho do boletim de que o resultado é negativo para Covid-19". Com isso, o número baixou de novo para 29.
Mas o novo relatório da DGS atualizou uma vez mais o número de óbitos, para 33, justificando-se a alteração com "a existência de resultados que foram conhecidos após publicação do boletim".
Segundo a nova contagem, a região Norte passou a contar com mais casos mortais, registando 14 óbitos (antes tinha nove), seguindo-se a região de Lisboa e Vale do Tejo, 12 óbitos (tinha oito). A região Centro, previamente com 11 casos registados, passa a ter seis. Com o óbito registado no Algarve, o total situa-se assim nos 33 casos mortais.
A DGS não explicou as subtrações e as adições quanto aos números de óbitos alterados no envio do novo boletim. Apesar da subtração do óbito que tinha sido contabilizado nos Açores, o total de casos suspeitos manteve-se com a adição de mais um caso na Madeira.
Com a DGS a colocar à disposição dados que fazem a caracterização dos óbitos ocorridos, é possível agora constatar que, dos 33 mortos confirmados em Portugal, 26 são pessoas com 70 anos ou mais (78,7%), cinco delas entre os 70 e 79 anos de idade e 21 (12 homens e nove mulheres) com mais de 80 anos.
As vítimas mais jovens tinham entre 50 e 59 anos (três casos), sendo que os dados registam ainda quatro vítimas mortais entre os 60 e os 69 anos de idade.
Os outros números
O número de recuperações também aumentou para 22, somando-se mais oito casos de doentes que recuperaram da Covid-19. Houve 11 recuperações na zona de Lisboa e Vale do Tejo, oito na zona Centro e três na zona do Norte.
Quanto ao número de internamentos, de acordo com a DGS, mantém-se 203 pessoas internadas, 48 das quais em cuidados intensivos.
Entre os casos importados o registo é de 1 de Alemanha/Áustria (em investigação), 2 da Alemanha, 4 da Áustria, 2 de Andorra, 1 da Bélgica, 5 do Brasil, 1 da Dinamarca, 1 do Egipto, 3 dos Emirados Árabes Unidos, 44 de Espanha, 26 de França, 20 de Itália, 3 da Índia, 1 do Irão, 6 dos Países Baixos, 11 do Reino Unido e 11 da Suíça.
Se considerarmos as faixas etárias, há 25 casos até aos nove anos de idade, 65 casos entre os 10 e 19 anos, 278 casos entre os 20 e os 29 anos, 394 casos entre os 30 e 39 anos, 448 casos entre os 40 e os 49 anos, 423 casos entre os 50 e os 59 anos, 348 casos entre os 60 e os 69 anos, 213 casos entre os 70 e os 79 anos e 168 casos em pessoas com mais de 80 anos.
Ao todo, existem 1133 casos confirmados em pessoas do sexo masculino e 1229 casos em pessoas do sexo feminino.
Uma novidade apresentada neste boletim foi quanto à disposição de casos por concelho, demonstrando que Lisboa (175), Porto (126), Maia (104), Vila Nova de Gaia (68) e Valongo (65) são os municípios mais afetados.
No entanto, uma contabilização total das grelhas foi apontada por alguns utilizadores da rede social Twitter como não perfazendo o total de casos confirmados no país, estando apenas 1287 disponíveis. A este respeito, a DGS esclareceu no envio do boletim retificando que "a informação reportada na caracterização demográfica é relativa a 54% dos casos confirmados".
Ao invés do que ocorreu nos últimos dias, a divulgação dos números não se fez primeiramente através de boletim enviado pela Direção-Geral da Saúde, situação pela qual o secretário de Estado da Saúde pediu desculpa e justificou o atraso com a sua reformulação.
Ponto da Situação em Portugal
Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março, depois de a Assembleia da República ter aprovado na quarta-feira o decreto que lhe foi submetido pelo Presidente da República, com o objetivo de combater a pandemia de Covid-19, após a proposta ter recebido pareceres favoráveis do Conselho de Estado e do Governo.
O estado de emergência proposto pelo Presidente prolonga-se até às 23:59 de 2 de abril.
Nos dias 19 e 20 de março, o Governo reuniu-se em Conselho de Ministros. No primeiro dia a reunião serviu para delinear um primeiro lote de medidas de concretização do estado de emergência, sendo que no segundo foram pensadas medidas de apoio social e económico para a população afetada pela pandemia de Covid-19.
No Conselho de Ministros de dia 19 foram aprovadas medidas como o “isolamento obrigatório” para doentes com Covid-19 ou que estejam sob vigilância ativa, sob o risco de “crime de desobediência”, a generalização do teletrabalho" para todos os funcionários públicos que o possam fazer, o fecho das Lojas do Cidadão, bem como dos estabelecimentos com atendimento público, com exceção para, entre outros, as mercearias e supermercados, postos de abastecimento de combustível, farmácias e padarias.
Já da reunião de dia 20 saíram medidas como a prorrogação automática do subsídio de desemprego, do complemento solidário para idosos e do rendimento social de inserção, bem como o adiamento para o segundo semestre do ano do pagamento do IVA e do IRC, que teria de ser pago nos próximos meses, para garantir a atividade das empresas e postos de trabalho. Outra das medidas anunciadas foi a suspensão do prazo de caducidade dos contratos de arrendamento de casas que viessem a caducar nos próximos três meses.
O Governo decidiu criar, também, a Estrutura de Monitorização do Estado de Emergência, um "gabinete de crise" para lidar com a pandemia da Covid-19, que integra os ministros de Estado, da Administração Interna, da Defesa Nacional e das Infraestruturas.
Até agora, já foram detidas, pelo menos, 13 pessoas pelas forças de autoridade — PSP e GNR —no âmbito do estado de emergência.
Entre as medidas para conter a pandemia, o Governo já tinha suspendido as atividades letivas presenciais em todas as escolas desde segunda-feira e imposto restrições em estabelecimentos comerciais e transportes, entre outras.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 324 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 14.300 morreram.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, com a Itália a ser o país do mundo com maior número de vítimas mortais, com 5.476 mortos em 59.138 casos. Segundo as autoridades italianas, 7.024 dos infetados já estão curados.
A China, sem contar com os territórios de Hong Kong e Macau, onde a epidemia surgiu no final de dezembro, conta com um total de 81.054 casos, tendo sido registados 3.261 mortes.
Os países mais afetados a seguir à Itália e à China são a Espanha, com 1.720 mortos em 28.572 infeções, o Irão, com 1.685 mortes num total de 22.638 casos, a França, com 674 mortes (16.018 casos), e os Estados Unidos, com 390 mortes (31.057 casos).
Onde posso consultar informação oficial?
- https://covid19.min-saude.pt
- https://covid19.min-saude.pt/ponto-de-situacao-atual-em-portugal
- https://www.dgs.pt/em-destaque.aspx
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