Um português que é tripulante do navio Princess Cruises, atracado no porto de Yokohama (Japão) na sequência de 700 pessoas infetadas com Covid-19, pode ter sido diagnosticado “positivo” com o novo coronavírus, disse à Lusa a sua mulher.
A notícia foi avançada este sábado pela mulher do homem, natural da Nazaré e posteriormente confirmada à SIC pelo autarca local.
Contactada pela Lusa, a diretora-geral de Saúde, Graça Freitas, afirma que ainda está à espera de confirmação oficial, mas admitiu que recebeu informação do Japão na sexta-feira à noite a informar que a tripulação do navio tinha começado a ser testada no dia 20.
“Estamos à espera de informação. Como é de noite agora no Japão, calculo que amanhã tenhamos informação concreta sobre os resultados”, afirmou.
O português, Adriano Maranhão, é, segundo a sua mulher, canalizador do navio e só foi testado há dois dias, tendo sido colocado numa cabine em isolamento há cerca de oito horas.
A comprovar-se o resultado positivo, este será o primeiro caso diagnosticado de um português com Covid-19.
Segundo adiantou a mulher de Adriano Maranhão, Emmanuelle, o português “foi examinado pela primeira vez há dois dias”, após “terem desembarcado os passageiros”.
“Neste momento está numa cabine, fechado, desde há 7 ou 8 horas, ou mais, sem apoio, sem medicação, sem tratamento, sem nenhum tipo de procedimento nem encaminhamento e sem comer sequer”, lamentou Emmanuelle Maranhão, referindo que tem tentado contactar quer o Governo, quer a embaixada, quer a empresa do navio, mas sem obter mais informações.
O cruzeiro, ancorado no porto de Yokohama, a sul de Tóquio, é o maior foco de Covid-19 fora da China continental, tendo registado mais de 600 infetados entre os passageiros, dois dos quais morreram.
Na quarta-feira, as autoridades japonesas deram início à operação de desembarque dos passageiros saudáveis, findo o período de quarentena do navio, iniciado em 03 de fevereiro, operação que terminou na sexta-feira.
Emmanuelle Maranhão lamenta a falta de apoio ao marido, referindo que “ainda não obteve resposta nenhuma” e que Adriano continua no quarto sem que ninguém lhe dê mais informações.
“Um cidadão português que está infetado, está em serviço, está a cumprir as suas funções e está dentro desta confusão tem de ter um apoio”, afirmou, sublinhando que Adriano Maranhão “é pai de 3 filhos pequenos”.
Governo está a acompanhar a situação
O Ministério dos Negócios Estrangeiros afirmou hoje estar a acompanhar a situação, mas admitiu que não tem ainda informação das autoridades japonesas.
O ministério “está em contacto com as autoridades japonesas” através da embaixada em Tóquio, e está a acompanhar “a evolução dos resultados dos testes que vão sendo realizados”, avançou o gabinete do ministério em comunicado enviado à Lusa.
“Não temos ainda informação da parte das autoridades japonesas de que haja algum caso confirmado de infeção com o coronavírus, entre os tripulantes portugueses do navio Diamond Princess”,
O ministério liderado por Augusto Santos Silva acrescentou ainda estar também a acompanhar “os tripulantes portugueses e respetivas famílias”.
Marcelo diz que é preciso esperar por confirmação oficial
O presidente da República alertou hoje para a necessidade de haver confirmação oficial de infeção por Covid-19 de um português que está no navio Diamond Princess, atracado no Japão, antes de decidir que medidas serão tomadas.
Marcelo Rebelo de Sousa adiantou esperar que a confirmação oficial seja dada “daqui a uma hora ou hora e meia”, mas sublinhou que “já houve casos em que deu positivo e era um falso positivo”.
Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que já falou com a mulher do tripulante que estará infetado e considerou-a “naturalmente ansiosa”.
“Falei com a esposa, ainda antes de falar com os senhores ministros [dos Negócios Estrangeiros e da Saúde] e ela estava naturalmente ansiosa e preocupada, mas ainda não temos confirmação oficial”, sublinhou.
Caso se confirme que o português está infetado com o coronavírus Covid-19, as medidas a tomar de imediato serão, segundo o Presidente, combinadas com as autoridades respetivas.
(Artigo atualizado às 21:03)
*Com Lusa
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