Os testes para a covid-19 são um dos pilares da estratégia do governo de António Costa para travar a quinta vaga da pandemia de covid-19. Não só a testagem frequente é recomendada pelo governo, como necessária para aceder a vários serviços — hospitais, lares, discotecas, grandes eventos públicos e fronteiras. Apesar disso, segundo apurou o ‘Jornal de Notícias’, 35% dos municípios portugueses não tem farmácias a fazer os testes rápidos comparticipados pelo Estado.
Segundo o diário, não há nenhum distrito do país com todos os municípios com pelo menos uma farmácia a fazer estes testes. Esta manhã, havia 681 farmácias e 181 laboratórios a fazer os chamados testes TRAg comparticipados, segundo o portal do Infarmed, consultado pelo SAPO24.
Com as novas regras da situação de calamidade, que entraram em vigor na quarta-feira, a procura por testes que permitam obter um certificado de testagem disparou. O JN diz que as entregas entretanto “foram rateadas para evitar roturas de stocks”, o que, no entanto, não impede que já existam “armazenistas com as prateleiras vazias e sem data para entregas”.
Foi o que disse ao jornal a presidente da Associação de Farmácias de Portugal (AFP), Manuela Pacheco. A organização admite a escassez, mas “garante que entre hoje e segunda-feira haverá reabastecimento”.
A pressão vem dos grandes jogos de futebol, cujo acesso implica a realização de um teste PCR ou de antigénio, tendo mesmo um autoteste de ser certificado por um profissional de saúde. Foi assim em Lisboa, com o dérbi desta sexta-feira; situação que se deverá repetir no Porto na próxima semana, com o FC Porto a receber o Atlético de Madrid na terça-feira.
“Não vamos ter hipótese de satisfazer a procura”, afirma Manuela Pacheco. É que “sempre que há um grande evento”, antevê Ema Paulino, presidente da Associação Nacional de Farmácias, “pode haver constrangimentos no acesso aos testes”.
Mesmo estando a capacidade das farmácias a aumentar, a oferta “não é inesgotável”, sublinha.
O levantamento feito ontem pelo ‘Jornal de Notícias’ diz que no distrito de Beja — o maior do país em área — só há uma farmácia, em Odemira, a fazer os quatro testes mensais 100% comparticipados pelo Estado.
Em Bragança, dos 12 concelhos do distrito, há cinco sem testes gratuitos e em Castelo Branco só três dos 11 concelhos têm esta oferta. No Algarve, Faro tem dez dos 16 municípios sem testes. A Guarda tem seis dos seus 14 concelhos sem oferta e Portalegre nove, num total de 15 municípios. Em Viana do Castelo só metade dos dez concelhos oferece os testes grátis. Lisboa, Porto, Braga e Coimbra têm mais soluções, todavia, abaixo da procura.
As associações de farmácias reconhecem as assimetrias, mas defendem que o preço pago pelo governo por cada teste (10 euros) deveria ser superior, para permitir que as empresas possam contratar mais trabalhadores, já que, em muitos casos, dizem, as farmácias não têm equipas ou espaços para acolher estes testes.
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